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sexta-feira, 17 de maio de 2013

LIVRO E CURTA RELEMBRAM O CARNAIBANO ZÉ DANTAS



A caixa de fósforo sempre foi a grande aliada do pernambucano José de Souza Dantas Filho (1921-1962), também chamado de Zé Dantas ou Zé Dantas, como preferia assinar. Nascido em Carnaíba de Flores, no Sertão do Pajeú, ele não sabia tocar instrumentos, tampouco cantar, mas desde menino se revelava compositor. Batucando na caixinha de palitos, criava com facilidade xotes, baiões e toadas, entre eles os sucessos Cintura fina, A volta da asa branca e Riacho do navio. Foi para o Recife estudar medicina conforme desejavam os pais, mas nunca abandonou a vocação artística. 

Aquele que viria a ser um dos principais parceiros musicais do Mestre Lua é  tema do livro Na batida do baião, no balanço do forró: Zedantas e Luiz Gonzaga (Editora Massangana, 230 páginas, R$ 35 reais), da antropóloga Mundicarmo Ferretti. A publicação lançada nesta quinta-feira (16), às 18h, no Museu do Homem do Nordeste, é fruto da dissertação de mestrado da pesquisadora, que na década de 1970 fez o primeiro estudo acadêmico sobre a parceria entre os dois pernambucanos.
“Conheci o trabalho de Zé Dantas e de Luiz Gonzaga ainda na infância, no Piauí, e, posteriormente, vi que a música dos dois permanecia muito viva. Além disso, passou a atrair a atenção de um público classe média e universitário, da mesma maneira que em outros tempos interessou a imigrantes nordestinos”, conta. Em Pernambuco, Ferretti entrevistou amigos e familiares do compositor; e no Rio de Janeiro colheu depoimentos de pessoas ligadas a gravadoras, lojas de discos, casas de forró.  

Segundo a pesquisadora, Zedantas conheceu o Rei do Baião em 1947, antes mesmo de terminar o curso de medicina na UFPE, em 1949, e de partir para oRio de Janeiro no ano seguinte. Embora fosse “doutor”, era notado sobretudo pelo humor e talento com os quais contava histórias e criava versos. De 1950 a 1958, Luiz Gonzaga gravou 50 composições do conterrâneo, que as escrevia com a intenção de divulgar os costumes e as artes populares tipicamente nordestinas. 

Com olhar voltado para as próprias raízes, Zé Dantas compunha canções sobre festividades sertanejas, práticas medicinais e agrícolas, poesia, artesanato. Chegou a ser diretor do programa O Rei do Baião, da Rádio Nacional, e do Departamento Folclórico da Rádio Mayrink Veiga. Quando morreu, aos 41 anos, um busto foi levantado na cidade de Carnaiba, terra natal, em sua memória. 

Mas foi do cantor vindo de Exú que recebeu o maior tributo, a música Homenagem a Zedantas, que empunhava versos como: “Chora meu olho d' água,/ chora meu pé de algodão./ As folhas já estão se orvalhando,/ saudade do nosso irmão,/ Zedantas”. Além de Luiz Gonzaga, as composições do pernambucano foram gravadas por artistas como Carmélia Alves (O calango),Quinteto Violado (Chegada de inverno), Ivon Curi, (Dei no pai e trouxe a filha), e Jackson do Pandeiro (Forró em Caruaru).

No evento desta quinta-feira (16), estiveram presentes a viúva do compositor,Iolanda Dantas, e os sobrinhos do Rei do Baião, Joquinha e Sérgio Gonzaga.Antes do lançamento do livro, o auditório do Museu do Homem do Nordeste recebeu vários artistas para a transmissão ao vivo de edição especial do programa Forró, Verso e Viola (rádio Universitária FM). Entre as atrações que se se apresentaram a partir das 16h foram, Petrúcio Amorim, Maciel Melo, Novinho da Paraíba, Josildo Sá e Silvério Pessoa. 

Blog: O povo com a Notícia
Fonte: dpnet