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sexta-feira, 14 de junho de 2013

Eles são uns santinhos

O amigo já notou como os prefeitos ficam felizes nessa época junina? Já percebeu o sorriso largo, a simpatia radiante, os discursos otimistas, o bom humor saindo pelos poros? Nessa época de São João, a crise evapora-se, toma Doril. Dizem que são os milagres do santo, pessoa altamente amável que adorava os carneirinhos e se aquecia em fogueira de lenha durante as noites frias do oriente. Mas eu pergunto: Será?

As bandas de forró estão esbaforidas de tanto tocar. Esta noite escutei entrevista da loirinha cantante dos Magnificos de Monteiro, aquela que canta gemendo, onde ela se dizia cansada, morta e sepultada, ansiando por uma cama com direito a oito horas de sono sem parar, por não agüentar mais o rojão: uma festa aqui, outra ali distante 400 quilômetros, dia e noite, noite e dia, “intiriço” feito cantiga de grilo.

Os linguarudos – sempre os há – dizem que nessa época santificada os prefeitos tiram a barriga do atraso e aí estaria a explicação para tanta alegria. Linguarudos maldosos, onde já se viu tamanho absurdo?! Homens sérios e compenetrados como nossos prefeitos se aproveitarem do forró do povo para aumentar a poupança, não cabe na cabeça de ninguém.

Eles, os prefeitos, fazem isso para animar as massas. O povo sofre mas goza (nóis sofre, mais nóis goza), aproveita o gemido da sanfona para gemer no cangote da companheira e assim esquecer as agruras da vida. Que benemerência maior poderíamos querer de nossos edis? Eles merecem aplausos, afagos, abraços e beijos. Se for o caso, até canonização a cargo de Frei Anastácio e de Padre Luiz Couto. E se não for pedir muito,a medalha Burity da Assembléia também. Afinal, estão dando essa medalha a tanta gente que nem conhece o nosso endereço, de modo que não seria nada demais dá-la, também, aos grandes e honestíssimos prefeitos de nossa Paraíba aguerrida, intrépida, altaneira, viçosa e guerreira.

E, claro, se por um acaso os prefeitos, num gesto da mais absoluta solidariedade humana, guardarem algum dinheiro do que sobrou dos contratos, não será nada demais. Aquilo que entrou de extra no bolso da rapaziada será aplicado em obras filantrópicas da maior importância, como, por exemplo, uma casa melhor para a sofrida família deles, um carro mais confortável para os despojados alcaides se locomoverem pelas suas bases, um apartamento para tirar do frio e do sereno as devotadas amantes (afinal o amor é lindro) e bois, muitos bois, para povoar as suas fazendas e assim se cumprir a determinação bíblica que mandou o homem crescer e multiplicar.


Blog: O Povo com a Notícia
Fonte: Tião Lucena/Blog Pajeú da Gente