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segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Israelense acusado de tráfico de órgãos volta ao Recife com a PF

Chegou ao Recife pouco antes das 15:00, de ontem (03), o israelense Gedalya Tauber. Considerado líder de uma organização criminosa que fazia tráfico de órgãos humanos, ele estava foragido desde 2009 e foi encontrado em junho de 2013, na Itália, onde ficou preso aguardando extradição. Tauber chegou em um voo comercial, vindo de Guarulhos, São Paulo, sem algemas, acompanhado por policiais federais à paisana, em uma operação discreta.
Quando o avião pousou, uma viatura da PF entrou na pista, estacionou perto da porta traseira do avião e Tauber foi levado até o carro, sem passar pelo finger ou portão de desembarque. Só ao ver a movimentação da imprensa e polícia no aeroporto do Recife é que os demais passageiros perceberam que havia algo diferente, gerando certo desconforto. 
Do aeroporto, ele seguiu para o Instituto de Medicina Legal, para fazer exame de corpo de delito. Em seguida, será encaminhado ao Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, no Grande Recife. Um delegado e um agente da Interpol de Pernambuco ficaram responsáveis por acompanhar o homem da Itália para o Brasil. Ele ficará à disposição da 1ª Vara Regional de Execução Penal, a cargo do juiz Luiz Gomes da Rocha Neto.
Debilitado
No aeroporto, o delegado da PF Alexandre Lucena explicou que Tauber ficou foragido de 2009 a 2013 – ele foi localizado no aeroporto de Roma, na Itália. Segundo Lucena, durante os anos em que esteve foragido, ele não manteve residência fixa, ficou visitando parentes e circulando por países como Estados Unidos, Israel e Canadá. O delegado disse ainda que o acusado está com a saúde debilitada, tendo passado mal no voo de Roma a Guarulhos –  recebeu atendimento médico e continuou o voo.
No Fórum Joana Bezerra, o juiz Luiz Rocha, da 1ª Vara Regional de Execuções Penais esclareceu que quando Tauber tinha pedido autorização à Justiça brasileira para viajar, ele já estava em liberdade condicional – tinha sido concedida em dezembro de 2007. Na ocasião, alegou que a mãe estava muito doente, com mais de 90 anos, e queria visitar. Agora, segundo o juiz, o israelense volta ao regime fechado – o presídio ainda não está definido – mas vai receber toda a assistência de que precisar, em cumprimento aos direitos do idoso. Rocha lembrou ainda que o ano que Tauber passou preso na Itália aguardando extradição deve ser descontado da pena restante dele, calculada inicialmente em mais quatro anos.

Entenda o caso
O israelense é considerado líder de uma organização criminosa que, a partir de 2002, conseguiu aliciar por volta de 30 brasileiros de bairros pobres do Recife e do interior de Pernambuco para venderem os próprios órgãos. As vítimas eram levadas para a África do Sul, onde pacientes israelenses aguardavam por rins transplantados ilegalmente.

Gedaly cumpria pena no Cotel e conseguiu da Justiça em Pernambuco uma autorização para deixar o presídio e viajar por 30 dias. Ele ficou foragido desde 2009 e só foi recapturado em 2013. O acusado foi preso durante a operação Bisturi, que começou em março de 2003 e teve nove meses de duração. O objetivo da ação era desarticular uma quadrilha de traficantes de órgãos. As vítimas assinavam uma declaração falsa afirmando que quem estava recebendo o órgão era um parente.
Cada cirurgia gerava uma indenização de US$ 150 mil, valor que era dividido entre a quadrilha. Os integrantes do grupo chegavam a faturar 20 vezes mais do que os brasileiros que doavam o órgão. O ex-oficial recebeu uma pena de 11 anos e nove meses de prisão, depois reduzida para oito anos e nove meses. Quando foi considerado foragido, ainda tinha que cumprir quatro anos e nove meses da pena. Ele foi preso quando tentava embarcar no aeroporto de Fiumicino, em Roma.

Segundo a Polícia Federal, o Governo do Brasil fez um pedido ao Governo da Itália para que o ex-oficial fosse extraditado para vir cumprir a pena no país, assim que soube da prisão.

O caso
Doze pessoas foram presas no Brasil, consideradas as aliciadoras dos doadores. Em Israel, duas pessoas foram presas por fraudarem o sistema de saúde do país para que as cirurgias fossem realizadas. Na África do Sul, 20 médicos e enfermeiros que faziam os procedimentos cirúrgicos também foram presos.
Ao fim da investigação, foi constatado que 47 pessoas haviam sido levadas para o Hospital Sant Agostini, em Durban, na África do Sul, para fazer a retirada dos rins. Elas recebiam em torno de R$ 5 mil a R$ 30 mil em cada procedimento. A estimativa da Polícia Federal é que a quadrilha desviou, aproximadamente, US$ 4 milhões com as cirurgias. (G1)

Blog: O Povo com a Notícia