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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Censo do ensino superior mostra queda no número de formandos em faculdades brasileiras

O Censo da Educação Superior de 2013, divulgado nesta terça-feira, traz uma boa e uma má notícia para o ensino do país. Apesar de a pesquisa ratificar a tendência de aumento no número de matrículas, constatada ao longo da última década, os dados também mostram que caiu o número de estudantes se formando nas faculdades brasileiras. Trata-se da primeira queda desse tipo registrada em dez anos, já que, desde 2004, o universo de concluintes vinha crescendo ano a ano. Os números foram divulgados pelo Ministério da Educação (MEC).

No ano passado, 991.010 alunos de graduação concluíram seus cursos em todos os estados do Brasil. Isso representa uma redução de 5,7% em relação a 2012, quando se formaram 1.050.413, o recorde nacional. Houve também uma leve diminuição, de 0,2%, no total de ingressantes no ensino superior: em 2013, foram 2,742 milhões de novos alunos, isto é, 4.139 a menos que em 2012.

A queda no número de formandos foi puxada, principalmente, pela rede privada. Em 2012, 812.867 estudantes se formaram em faculdades particulares. Em 2013, eles foram 761.732. Ou seja, uma redução de 6,7%. Já a rede pública, que em 2012 registrou 237.546 concluintes, formou 229.278 novos profissionais em 2013. Um recuo de 3,5%.

Essa queda do número de concluintes ocorreu apesar do acréscimo de 3,8% no total de alunos matriculados em cursos de graduação em 2013. Na comparação com 2012, a quantidade de matrículas subiu de 7.037.688 para 7.305.977.

Ao longo da última década, contudo, o saldo ainda é positivo. O número de formandos cresceu quase na mesma proporção que o de matrículas. De 2003 a 2013, segundo o Censo da Educação Superior, o total de matrículas aumentou 85,6%, passando de 3,9 milhões para 7,3 milhões; e o de concluintes, 86,2%, subindo de 532,2 mil para 991 mil.

O ministro da Educação, Henrique Paim, disse que a redução do número de formados em 2013 ocorreu em cursos presenciais da rede privada e em cursos a distância da rede pública. Paim admitiu que não tem uma explicação para a queda, mas ressalvou que os dados serão analisados. Ele levantou a hipótese de que ações de regulação, como a suspensão de vestibulares de faculdades de baixa qualidade, possam ter contribuído para diminuir a quantidade de universitários que concluiu a graduação.

- Não temos resposta. Precisamos de mais detalhes para analisar e cruzar com os dados da supervisão. Temos que ver se foi algo puxado por uma instituição ou uma região específica – disse Paim, em entrevista coletiva sobre o Censo do Ensino Superior 2013.

O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Chico Soares, observou que a redução de formados nos cursos a distância da rede federal se deve ao fato de que muitos desses cursos não tinham previsão de continuidade. Assim, depois de formarem a turma original, foram encerrados.

Paim destacou que a diminuição de 0,2% no número de ingressantes nos cursos superiores ocorreu na educação a distância, a chamada EAD. Ele novamente aventou a possibilidade de que medidas de supervisão do MEC possam ter contribuído para reduzir o número de alunos, à medida que cursos de baixa qualidade tenham sido fechados.

De acordo com a pesquisadora da Unicamp, Helena Sampaio, especialista em ensino superior, a queda no número de formandos pode estar ligada à diversificação do perfil do universitário.

– Com a expansão no número de vagas, mais jovens de baixa renda, adultos e idosos se interessam pelas faculdades. São pessoas que estudam à noite, trabalham e tem filho, fatores que dificultam a regularidade do estudo. É gente com mais idade, que muda de emprego, que casa pela segunda vez, tem o terceiro filho...

Outro fenômeno apontado por Sampaio como uma das possíveis explicações para o declínio de concluintes é a maior oferta de possibilidades no ensino superior, tanto na parte do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) quanto no Programa Universidade para Todos (Prouni) e Fies. Neste caso, a queda de formandos seria um ´efeito colateral´ das iniciativas do próprio MEC.

– No Sisu, todo ano o estudante pode tentar vaga para mais de 50 universidades. Além disso, o Prouni e Fies podem ser usados por bolsistas como mecanismos para que ele percorra um caminho em direção a uma vaga em universidade de qualidade. E assim ele pula de um curso para outro, aumentando a evasão. Dadas as facilidades de mobilidade dentro do sistema, o universitário consegue circular mais – explica.

A maior oferta de oportunidades é destacada também por Renato Pedrosa, professor do Departamento de Política Científica e Tecnológica da Unicamp e especialista em políticas relacionadas à educação superior. Ele chama atenção, no entanto, para o aumento do peso dos cursos a distância no total de matriculados. Esse tipo de ensino teve queda de 7,6% no número de concluintes entre 2012 e 2013.

- No passado, houve um grande aumento nos ingressantes pelo ensino a distância. Esse sistema, como sabemos, tem menos eficiência quando comparamos o número de ingressantes com o número de concluintes quatro ou seis anos depois. Por isso, a eficiência total do sistema cai - analisa. - Um aspecto importante é que esse sistema (a distância) é não só menos eficiente, como tem uma qualidade questionável. As pessoas não têm uma vivência na instituição ou acesso a uma boa biblioteca, por exemplo.

Rede privada crese mais

O censo revela também que 73,5% dos estudantes de graduação frequentavam instituições particulares em 2013, o que correspondia a 5,3 milhões de alunos, ante 26,5% de matrículas em instituições públicas. Universidades e institutos federais atendiam a 1,1 milhão de estudantes, ou 15,6% do total. A rede privada cresceu mais do que o pública entre 2012 e 2013, alcançando elevação de 4,5% no total de matrículas, ante 1,9% na pública.

Em todo o país, 2.391 instituições de ensino ofereceram 32.049 cursos de graduação, em 2013. Dos 7,3 milhões de alunos de graduação no Brasil, 1.153.572 estavam matriculados em cursos a distância, o que representava 15,8% do total. Cursos tecnológicos respondiam por 13,6% das matrículas. Em 2003, esse percentual era de apenas 2,9%.

Em números absolutos, houve aumento de 55% nas matrículas dos cursos de licenciatura (formação de professores): elas passaram de 885.384, em 2003, para 1.374.174, em 2013.

Os cursos de Administração continuavam sendo os mais procurados no ano passado, com 800,1 mil alunos. Em segundo lugar, os de Direito, com 769,8 mil; e em terceiro, os de Pedagogia, com 614,8 mil.

Segundo o censo, cursos de mestrado e doutorado tinham 203.717 alunos no ano passado, enquanto os cursos sequenciais de formação específica atendiam 16.987. Somados os estudantes de graduação e pós-graduação, o ensino superior brasileiro tinha 7,5 milhões de estudantes e 321,7 mil professores lecionando. (Globo.com)

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