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terça-feira, 16 de setembro de 2014

Coronel que ganha mais que governador é preso acusado de participar de milícia

A polícia prendeu nesta segunda-feira (15) o coronel Alexandre Fontenelle Ribeiro de Oliveira, terceiro homem na hierarquia da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Ele é acusado de liderar uma quadrilha de policiais que praticava extorsões no bairro de Bangu. Responsável por comandar tropas de elite do Rio, Fontenelle ganhava um salário mensal de R$ 32.251,41 brutos - R$ 17.107,29 líquidos. O valor é maior do que é o que pago ao governador do estado, Luiz Fernando de Souza, o Pezão, que recebe mensalmente R$ 21.968,14 brutos e R$ 16.330,43 líquidos. Segundo as investigações do Ministério Público do Rio (MPRJ) e da Secretaria de Segurança (Seseg), o esquema criminoso funcionava dentro do 14º Batalhão de Polícia Militar (BPM), em Bangu, e envolveu todos os quadros do quartel, dos oficiais do Estado Maior aos praças. Três pessoas estão foragidas e 22 foram presas, denunciadas pela promotoria por formação de quadrilha armada. Também foram cumpridos 53 mandados de busca e apreensão. As investigações sobre a quadrilha já estavam em curso em agosto de 2013, quando o coronel e o major Carlos Alexandre de Jesus Lucas, também detido nesta segunda, assumiram, respectivamente, os cargos de comandante e subcomandante do Comando de Operações Especiais (COE) da PM, ao qual estão subordinadas as tropas de elite da PM. Com o coronel, que foi destituído do cargo e preso em casa, no Leme (zona sul), foram encontrados extratos bancários com valores elevados incompatíveis com a renda (mais de R$ 30 mil brutos), a contabilidade da quadrilha, e bilhetes com as cotas dos integrantes de quadrilha. O MPRJ anunciou que investigará o patrimônio do coronel.
Integrantes da cúpula do 14º BPM, também foram presos os majores Nilton João dos Prazeres Neto e Edson Alexandre Pinto de Góes, além dos capitães Rodrigo Leitão da Silva e Walter Colchone Netto. Para o MPRJ, o envolvimento de toda a hierarquia do quartel reflete a “institucionalização da corrupção”. Na casa do major Edson foram apreendidos R$ 287 mil, segundo o MPRJ. O capitão Colchone já havia sido preso em 2013, durante operação contra a máfia de caça níqueis e estava lotado administrativamente no setor de Inteligência do COE sob comando do coronel Fontenelle. “Isso nos ajudou a reforçar o vínculo entre eles”, afirmou o subsecretário de Inteligência da Seseg, Fábio Galvão. Durante as investigações, de 2012 a 2013, foi possível verificar que a quadrilha já agia no 41º BPM (Irajá, zona norte), onde os oficiais acusados de chefiarem o grupo estavam lotados anteriormente, e manteve o modo de atuação quando houve a transferência para Bangu. O Ministério Público ainda não sabe desde quando a quadrilha atuava nem os valores arrecadados mensalmente. O esquema funcionava como uma empresa. Em vez de coibir a circulação de veículos irregulares e a venda de produtos piratas, os praças se aproveitavam da situação ilegal para exigir propinas de mototaxistas a transportadoras de cargas que circulavam em Bangu. Os valores variavam de R$ 10 a R$ 2,6 mil e eram cobrados em periodicidades variadas, diretamente das empresas. Depois, o dinheiro era repassado para a “administração”, a chamada a cúpula do quartel. Eram dois modelos de arrecadação, de acordo com o promotor Cláudio Caio Costa: a “escravidão”, em que os praças ficavam com a maior parte da arrecadação e a “administração” recebia um porcentual de produtividade.
No esquema de “valor fixo”, a quantidade de dinheiro repassada para a cúpula era previamente estabelecida e o excedente, dividido entre os praças. “Havia uma organização empresarial (no quartel), tanto que o nome da operação é 'Amigos S/A' porque existia uma presidência (coronel Fontenelle), a diretoria dessa sociedade anônima (os cinco oficiais) e a equipe de vendas, que eram os praças”, disse o promotor. Os envolvidos responderão na Justiça Militar por cada uma das concussões (extorsões praticadas por servidores públicos), apuradas às centenas pela promotoria. Também responderão na Justiça comum por formação de quadrilha armada (pena máxima de seis anos) e serão investigados por lavagem de dinheiro. O Ministério Público pedirá indenização por danos morais à imagem do Estado do Rio e da PM. Foto: (O Globo / Estadão)

Blog: O Povo com a Notícia