As relações de Eduardo Cunha com
o petismo azedaram de vez. O presidente da Câmara atribuiu ao PT e à CUT o
protesto que o impediu de discursar na Assembleia Legislativa da Paraíba, na
sexta-feira. Neste sábado, Cunha reproduziu nas redes sociais entrevista que havia concedido na saída do legislativo
paraibano. Nela, foi ao ataque.
Disse,
por exemplo, que o PT desperta “repulsa” na sociedade. E chamou a CUT de “braço
sindical pelego”. Acusou a central sindical de remunerar manifestantes. “O PT
não vai constranger o PMDB pelo país”, disse o deputado a certa altura. “O PMDB
não vai aceitar ser constrangido pelo PT. Esse é o recado que nós estamos
dando.”
Um
repórter quis saber se o vice-presidente Michel Temer, novo coordenador
político do governo, respalda as posições de Cunha. E o deputado: “Vossa
Excelência pergunte a ele.”
A
viagem de Cunha à Paraíba integrou um programa batizado de “Câmara Itinerante”.
A pretexto de debater temas como a reforma política, o deputado voará para
todos os Estados. Já havia sido hostilizado em São Paulo e Porto Alegre. Em
João Pessoa, manifestantes vaiavam, sopravam apitos e brandiam cartazes com a expressão
‘Fora Cunha’. E ele: “O PT mostra sua intolerância em todos os locais.”
Cunha
acrescentou: “O PT faz movimentações orquestradas, utilizando seu braço
sindical, que deveria estar quinta-feira na CPI, onde estava o tesoureiro do PT
[João Vaccari Neto] prestando esclarecimentos sobre corrupção na Petrobras.
Esses movimentos deveriam estar lá, contestando e cobrando a apuração da
corrupção, e não estar tentando impedir o debate da reforma política.”
O
presidente da Câmara vinculou a manifestação da Paraíba ao projeto sobre
trabalho terceirizado, cujo texto-base acaba de ser votado e aprovado pela
grossa maioria dos deputados, mesmo sob o cerco da CUT. “Esse braço sindical
pelego que está aqui, movimento pago, orquestrado, como foi em Brasília.
Pessoas recrutadas nas periferias de Brasília a R$ 45 por pessoa”, disse.
Prosseguiu:
“Nesse projeto que foi aprovado, que os destaques [emendas] vão ser aprovados
na terça-feira, que o PT e a CUT se opõem com radicalização, os trabalhadores
têm 80% dos artigos reconhecendo os seus direitos. Então, quem diz que o
projeto de terceirização é contra o trabalhador quer enganar o trabalhador,
quer usar uma bandeira política para desvirtuar o verdadeiro sentimento que a
sociedade está tendo de repulsa com o PT. Essa é que é a verdade.”
Cunha
mencionou propostas que pretende aprovar contra a vontade do petismo. Além da
terceirização, citou redução da maioridade e uma reforma política dos sonhos do
seu PMDB, não do PT. Insinuou que o partido de Dilma Rousseff recebeu dinheiro
por baixo da mesa no escândalo da Petrobras.
“O
PT defende financiamento público de campanha, mas no ano em que não teve
eleição, arrecadou R$ 83 milhões. O tesoureiro do PT nao pôde responder a
perguntas sobre acusações de que o PT recebeu oficialmente qualquer tipo de
contribuição indevida. Então, se o PT defende financiamento público, não
deveria ter recebido privado.” Como se vê, será espinhosa a missão
atribuída por Dilma a Michel Temer de pacificar o condomínio. (Por Josias de Souza)
Blog: O Povo com a Notícia