Por Rodrigo Novaes, em seu face
Sobre
todo esse debate em torno do terreno do cais José Estelita, tenho a opinião de
que não se está mais discutindo somente a utilização daquela área e o
empreendimento que está programado – o Novo Recife. Na verdade está em debate o
modelo de cidade que queremos.
Essa
questão passou a ter essa simbologia, foco da insatisfação de segmentos com o
modelo histórico de desenvolvimento da capital.
Creio
não haver dúvidas que todos querem viver em uma cidade melhor, mais verde, mais
ventilada, com mais aparelhos públicos; também mais moderna. Pelo menos essa
deveria ser a vontade de todos.
Mas
qual o projeto ideal para aquele local? O diálogo não é livre, tão simples,
porque existem três situações inafastáveis:
1) a área foi adquirida
legitimamente pela inciativa privada, tendo servido inclusive para pagamento de
passivo da RFSA com funcionários;
2) o poder público parece não ter condições
financeiras de construir o projeto ideal;
3) o recifense quer que aquela área
seja logo ocupada para que deixe de ser um local de risco utilizado por
marginais.
O
movimento # ocupeestelita é sem sombra de dúvidas legítimo, não pode ser
desqualificado, na medida que discute algo importante, uma causa coletiva.
Discordo
de alguns dos seus métodos. Não posso concordar com pichações, ocupação em
locais privados, nem falta de respeito ao prefeito da cidade. Quem defende
democracia não pode faltar com respeito diante da contrariedade de suas ideias.
Prefiro
acreditar que essas atitudes partem de pessoas infiltradas que não representam
o espírito do movimento.
Aquela
área estava esquecida, sempre foi, e ninguém olhava por aquilo, como ocorre com
outras áreas do Recife que estão sem utilização e não recebem atenção dos
movimentos nem da sociedade. O poder público foi devidamente consultado sobre o
Cais, e não parece razoável que a iniciativa privada seja prejudicada. Digo
isso porque sei que o município não tem condição, a curto prazo, de utilizar
aquela área para outro fim, indenizando os investidores e construindo ali o que
seria o projeto ideal defendido.
O
Novo Recife vai gerar receita para o município, emprego, e sinceramente, não
enxergo incompatibilidade do projeto com o local, que já foi alterado para
atender justas reivindicações.
Mas
fica evidente, que de acordo com o que defende o movimento # OcupeEstelita,
todos os espigões da cidades deveriam ser derrubados. Discorda-se do plano
diretor, da lei de ocupação do solo, e não somente do projeto para o Cais.
Sou
favorável ao diálogo e a medidas equilibradas. Diante da conjuntura que vivemos,
acho que o ideal é adequar o projeto existente, integrado-o ainda mais à
cidade, se for o caso, e àquele local específico, mas imaginar uma alternativa
nesse instante à construção do projeto Novo Recife me parece inviável.
Vamos
promover a revisão do Plano Diretor, discuti-lo, e tentar – depois de tudo que
já foi debatido – saber da sociedade sobre o modelo de cidade que devemos
admitir, sem a pretensão da unanimidade, respeitando-se o direito de todos
opinarem, mas também a vontade da maioria.
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