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sexta-feira, 8 de maio de 2015

Secretário ‘participou de tudo’, diz ex-comandante da PM do Paraná ao sair

Após exonerar-se do posto de comandante da Polícia Militar do Paraná na noite passada, o coronel César Kogut falou sobre ação policial contra os professores, que resultou em duas centenas de feridos. Ele responsabilizou diretamente o secretário de Segurança do Estado, Fernando Francischini. “O secretário conhecia e participou de tudo”, disse, em entrevista ao diário Gazeta do Povo.

Na versão do agora ex-comandante da PM, os detalhes da repressão à manifestação de professores, no dia 29 de abril, defronte da Assembléia Legislativa do Paraná, foram planejados por Francischini e pelo subcomandante-geral da PM, coronel Nerino Mariano de Brito. Os dois determinaram, por exemplo, o tamanho do efetivo mobilizado naquele dia: 1.600 policiais.

Na última segunda-feira, Francischini responsabilizara o comando da PM pela operação policial que borrifou sangue nas manchetes nacionais sobre o Paraná. Menos de 48 horas depois, César Kogut e outros 15 coroneis da PM enviaram carta ao governador paranaense Beto Richa (PSDB). No texto, os oficiais repudiaram as declarações do secretário, em tese, o superior hierárquico da polícia.

Segundo o coronel Kogut, o secretário de Segurança é o responsável legal pela coordenação operacional da PM. O que faz dele, por assim dizer, sócio dos acertos e dos equívocos da polícia. “A responsabilidade pelos atos, certos ou errados, é em conjunto entre a PM e quem esteve na execução do planejamento.”

Questionado sobre os disparos de balas de borracha contra os professores, Kogut revelou os autores das ordens. “Teve ordem dos comandantes operacionais – que eram, no momento, Nerino [Mariano de Brito, o subcomandate-geral] e Arildo [Luís Dias, o coronel que comandou a operação].”

Kogut contou que, antes de exonerar-se, afastou o subcomandante-geral Nerino. Por isso, quem assumiu automaticamente o comando-geral no seu lugar foi o atual chefe do Estado-Maior da PM, coronel Carlos Alberto Bührer Moreira. Entre outras razões, a providência foi necessária porque o novo comandante é o responsável pelo inquérito policial-militar aberto para apurar responsabilidades pelos excessos cometidos na fatídica ação.

O ex-comandante esquivou-se de avaliar em que momentos a PM exorbitou de suas funções. Disse que cabe ao Ministério Público e à PM, por meio do inquérito, apontar eventuais abusos da corporação. Noutro ponto da conversa, Kogut saiu em defesa da tropa. Disse que que os policiais não provocaram o confronto. Alegou que os manifestantes avançaram primeiro, furando o bloqueio que protegia o pédio da Assembleia Legislativa.

Ao formalizar sua exoneração, o coronel Kogut disse ao governador Beto Richa que “dificuldades insuperáveis” no relacionamento com a direção da Secretaria da Segurança Pública o impediram de permanecer no posto. Na entrevista, afirmou: “Não estou saindo pelos atos lá da Assembleia. Estou saindo porque acho realmente que não tem como eu me relacionar com o secretário. […] Não fui abandonado pelo governo. Foi uma decisão em conversa com o governador. O governador está abalado.”

A crise deflagrada pela batalha campal do dia 29 de abril tornou insustentável a permanência do secretário Francischini. A ficha de Beto Richa demora a cair. Mas a permanência dele no governo custa o olho da cara de quem o mantém na poltrona. (Por Josias de Souza)

Blog: O Povo com a Notícia