No
seu esforço para demonstrar que ainda dispõe de infantaria, Dilma Rousseff
viajou ao Maranhão. Foi entregar chaves de casas populares no Estado
governado por Flávio Dino (PCdoB), hoje um tenaz opositor do impeachment.
Saudada por uma claque que entoou um coro de ‘não vai ter
golpe’, Dilma esboçou um hálito de ânimo: “O Brasil precisa, mais do que nunca,
que as pessoas pensem primeiro nele, Brasil, no que serve à população, à nação,
e só depois em seus partidos e em seus projetos pessoais.''
A presidente disse isso numa cerimônia em que levava a
tiracolo o senador Edison Lobão, um legítimo representante da oligarquia
Sarney, alvo de inquérito no STF por suspeita de receber propinas na Petrobras.
De volta a Brasília, Dilma oferecerá um jantar aos aliados do governo no
Senado. Para reagir às emboscadas urdidas na Câmara pelo investigado Eduardo
Cunha, a presidente tenta se recompor com o também investigado Renan Calheiros,
para fazer dele um herói da resistência.
Quer dizer: pensando primeiro no Brasil, Dilma concluiu
que, no momento, o que mais serve ao país é a companhia de Lobão e a
cumplicidade de Renan. É como se a presidente, auto-investida no papel de uma
ingênua Chapeuzinho Vermelho, se apaixonasse pelos lobões sem se dar conta do
risco de ser jantada junto com a vovózinha. (Via: Josias de Souza/Folha S.Paulo)
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