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sábado, 3 de dezembro de 2016

Seca agravou a crise econômica no Nordeste, diz o BC


O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel (foto), fez, ontem, uma comparação entre os impactos, nas diferentes regiões do País, da crise global de 2008 e a crise mais recente da economia brasileira. Segundo ele, o Nordeste foi prejudicado nos últimos anos pela estiagem, o que afetou a atividade agrícola na região.

"Houve queda muito pronunciada (da produção agrícola) no Nordeste nos últimos anos. Mas as perspectivas para 2017 são melhores", pontuou. Ainda falando sobre o Nordeste, Maciel destacou queda pronunciada do volume de serviços nos últimos dois anos, assim como o recuo do comércio.

Já as regiões Sudeste e Sul tiveram uma queda muito intensa da atividade em 2009, após a crise global. O movimento foi mais acentuado que o visto nas demais regiões. No geral, para o Banco Central, a crise recente "atingiu igualmente todas as regiões." "A crise atual tem cara distinta da de 2008", afirmou.

Segundo ele, o movimento visto nas diferentes regiões do País está ligado a fatores como a falta de confiança na economia, os impactos negativos da crise no mercado de trabalho e a maior dificuldade na obtenção de crédito. "Observamos queda este ano no saldo de crédito que abrange todas as regiões", pontuou Maciel. "É o primeiro ano que ocorre essa queda do saldo de crédito."

O diretor do BC frisou que, em todas as regiões do País, houve retração das importações de produtos nos últimos anos. Isso ocorreu, segundo ele, em função do câmbio menos favorável (dólar em nível mais alto ante o real nos últimos anos) e da atividade fraca no País, que limita a compra de produtos de outros países.

Ao abordar o arrefecimento mais recente da inflação no País, Maciel disse que os alimentos voltaram a ter um comportamento "mais benigno" e destacou, ao mostrar um gráfico com índice de difusão, que a queda da inflação não está concentrada "em um ou dois produtos." Ao contrário, de acordo com Maciel, é resultado de preços mais contidos em vários produtos. O chefe do Departamento Econômico do BC concedeu entrevista coletiva em Salvador, na Bahia, sobre o Boletim Regional do Banco Central do Brasil.

JUROS: Em se tratando da política monetária, o economista José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados, disse, ontem, que lamenta a cautela excessiva do Banco Central no novo ciclo de afrouxamento monetário, iniciado com dois cortes seguidos de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic.

Durante participação em congresso que reuniu empresários da indústria química na zona sul de São Paulo, Mendonça de Barros comentou que, em termos técnicos, a taxa real de juros está muito acima da taxa neutra, aquela que não produz nem inflação nem desinflação.

Blog: O Povo com a Notícia