Por Josias de Souza
Lula é um político esperto. A
esperteza jorra dos seus lábios como água de um chafariz. Réu em cinco
inquéritos, Lula enfrenta dificuldades para se livrar das acusações que sofre
— de corrupção a tráfico de influência. Num instante em que muitos esperavam
ouvir dele explicações, Lula esguicha no noticiário sua candidatura presidencial.
“Se for necessário, eu serei candidato”, disse Lula, em Salvador, discursando
para uma plateia companheira do MST.
A
candidatura extemporânea só é necessária para o próprio Lula e para o PT. Sob o
risco real de ser condenado judicialmente, Lula usa o plano presidencial como
pretexto para manter a pose de perseguido político. Quanto ao PT, depois de
perder o recato, o discurso e o poder, o partido acha que não tem outra
alternativa senão entoar o lero-lero de que é vítima de um complô que visa
impedir a volta de Lula.
Nos
próximos dias, semanas e meses você vai ouvir falar muito da candidatura
presidencial de Lula. A pregação virá sempre acompanhada de ataques à equipe da
Lava Jato. Hoje, Lula chegou a dizer que a bancada do PT precisa investigar a
participação do governo dos Estados Unidos no ''golpe'' que derrubou Dilma.
Para ele, o governo americano agiu em parceria com o juiz Sergio Moro. Se não
tomar cuidado, Lula vai acabar se transformando na primeira piada a se
candidatar ao Palácio do Planalto.
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