Libânio
Neto, Fundador e Presidente do Instituto Raízes
Iniciando o ano de 2017, o Instituto Cultural Raízes realiza uma
avaliação completa sobre a atuação nos últimos 7 anos em Floresta e região.
Nesse processo de avaliação, nosso site irá ouvir várias pessoas que se
destacam nessa caminhada do Instituto Raízes, iniciando pelo nosso Fundador e
Diretor Presidente, Libânio Neto.
A entrevista está divida em duas partes. Na primeira, Libânio Neto fala
do surgimento do Instituto, dos seus objetivos, de como se mantém a ONG e qual
é o trabalho desenvolvido em Floresta e região.
Confira abaixo a entrevista na íntegra:
O surgimento do Instituto Raízes
O que é o Instituto Cultural Raízes?
Libânio Neto: O
Instituto Cultural Raízes é uma organização não-governamental, formada com
caráter de associação civil de direito privado e sem fins lucrativos.
Totalmente legalizada, com registro em cartório e funcionamento efetivo e
permanente.
Como surgiu o Instituto Cultural Raízes?
Libânio Neto: O
Instituto Cultural Raízes é o resultado de um trabalho que havíamos iniciado na
zona da mata sul de Pernambuco e mais especialmente no município de Água Preta
no período de 2001 a 2006. A partir de 2007, passamos a desenvolver várias
experiências no sertão pernambucano, até chegar a Floresta e região de
Itaparica.
Há quanto tempo o Instituto Cultural Raízes atua em Floresta?
Libânio Neto: Na
verdade, atuamos em Floresta desde agosto de 2009. E já em 2010 instalamos a sede
aqui no município, após avaliarmos o potencial multicultural existente na
região.
Objetivos do Instituto Raízes
Quais são os objetivos do Instituto?
Libânio Neto: Nosso
principal objetivo é promover o resgate e a valorização das tradições culturais
afrobrasileiras e indígenas e, para tanto desenvolvemos uma série de
atividades, ações e projetos, conforme estabelece os Estatutos Sociais da
entidade.
O trabalho desenvolvido em Floresta
Qual é o trabalho desenvolvido pelo Instituto em Floresta?
Libânio Neto: Iniciamos
com a realização de um levantamento cultural e depois a realização da 1ª Semana
da Consciência Negra e um documentário realizado por ocasião do Festival
Pernambuco Nação Cultural em novembro de 2009. A partir daí concentramos nossa
atuação no resgate e preservação das tradições culturais do povo florestano,
vinculado à cultura popular do sertão e do estado.
Atuamos também na assessoria em Floresta e em outros municípios para a
realização de Conferências de Cultura, bem como na elaboração de projetos para
grupos de jovens e entidades organizadas.
Posteriormente, iniciamos um trabalho para a organização das comunidades
quilombolas, que acabou se expandindo e tomando grandes proporções.
Atividades mais destacadas
Neste período de quase 7 anos quais os trabalhos que mais se destacaram?
Libânio Neto: Em
primeiro lugar o trabalho que realizamos junto às comunidades quilombolas que
resultou na publicação de um livro, produção de documentário e na criação de
diversos grupos culturais como a Banda de Pífano, Grupo de Dança da Mazurca,
Grupo Flor do Pajeú composto de crianças quilombolas, entre outras ações que
foram desenvolvidas visando o resgate dos elementos históricos e tradicionais e
a organização formal das comunidades através da criação de associações.
Além disto, realizamos cinco Encontros de Tradições Culturais nas
Comunidades Rurais de Floresta, onde destacamos o Forró Pé-de-Serra, a dança do
São Gonçalo, a capoeira, maculelê, caboclinho, ciranda, coco de roda, afoxé e
maracatu, que são tradições das culturas negra e indígena, além de expressões
de nossa cultura popular.
Por fim investimentos na formação de grupos culturais compostos de
crianças, adolescentes e jovens, onde neste período criamos cinco grupos
culturais, dos quais dois permanecem atuantes até hoje, que são o Maracatu
Afrobatuque e o Afoxé Filhos de N’Zambi.
É também marca de nosso trabalho a realização de oficinas permanentes de
percussão, danças, artesanato, pintura em tela, violão, capoeira, entre outras,
cujo público preferencial tem sido às crianças, adolescentes, jovens e
remanescentes quilombolas e indígenas.
Destaca-se sobretudo nos últimos anos o trabalho realizado na Comunidade
do Bairro do Vulcão em Floresta, onde foi possível promover uma completa
inclusão social e formação para cidadania, que deu resultados positivos.
Onde mais atua o Instituto Raízes
O Instituto atua somente em Floresta?
Libânio Neto: Não.
No nosso estatuto está estabelecido que podemos atuar em qualquer outro
município de Pernambuco, muito embora nossa prioridade seja Floresta e região.
Em 2009, antes de iniciarmos o trabalho em Floresta já vínhamos
realizando atividades nos municípios de Mirandiba e Belém do São Francisco e
atualmente nossa atuação tem se feito presente em vários municípios da região e
de outras microregiões do sertão pernambucano, seja com oficinas, palestras,
seminários e fóruns, seja com apresentações culturais.
Já em 2014 realizamos (em parceria com a Escola Estadual Maria Emília
Cantarelli) o Projeto Mais Cultura nas Escolas em Belém do São Francisco, o
qual foi concluído satisfatoriamente no final de 2016.
A manutenção do Instituto Raízes
Como se mantém o Instituto do ponto de vista financeiro?
Libânio Neto: A
nossa manutenção é proveniente de contratos para oficinas, projetos, cachês de
apresentações culturais, prestações de serviços que temos realizado em Floresta
e em vários outros municípios do sertão. Outras formas tem sido doações,
parcerias (especialmente com o Instituto da Juventude) e, a venda de materiais
de divulgação, tais como: camisas, cd’s, dvd’s e livros.
Como é a aplicação desses recursos?
Libânio Neto: Os
recursos são aplicados integralmente nas atividades para os quais são
destinados. Se é proveniente de um contrato para prestação de serviços ou de um
Projeto, às despesas são de locomoção, combustível, pagamento de oficineiros,
compra de material de apoio, produção de material didático e aquisição de
instrumentos.
Já os recursos provenientes de parcerias, apresentações, doações e
vendagem de material, são aplicados em ajudas de custo/gratificações para os
componentes dos grupos principais, apoio sócio-educativo aos(as) participantes,
manutenção dos instrumentos, aluguel da sede e manutenção da mesma e na
estruturação da entidade.
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