Sem nenhum registro em 2015,
Pernambuco apresentou uma série de surtos de caxumba em 2016. De acordo com a
Secretaria Estadual de Saúde (SES), foram 76 surtos, num total de 836 casos da
doença registrados no último ano. Diante do ressurgimento dos surtos, a pasta
passou a tornar obrigatória a notificação dos casos e faz um alerta para a
necessidade de conferir o cartão de vacinação.
Com 68 surtos, a Região Metropolitana do Recife aparece na
frente com os municípios que mais apresentaram casos. Abreu e Lima, Camaragibe,
Igarassu, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Paulista e Recife foram os
responsáveis pelo registro. No Agreste do estado, Surubim, Caruaru e Garanhuns.
Já na Mata Norte, Macaparana apresentou um surto. Não há registro no Sertão
pernambucano.
Para o diretor-geral de Controle de Doenças e Agravos,
George Dimech, a alta circulação de viajantes pode ter influenciado no
resultado. “Antes de 2015, quase não tínhamos registro da doença, era muito
baixo, mas em 2015 começaram a surgir casos no Sudeste e no Sudoeste do Brasil.
Pernambuco é um grande ponto turístico. Essa circulação pode ter trazido a
doença para nosso estado”, acredita.
Com o surgimento dos primeiros surtos em maio do ano
passado, a SES resolveu tornar obrigatória a notificação. “A obrigatoriedade
começou em setembro, mas contabilizamos todo o ano. Em 2015, como não era
preciso, nem notificávamos”, explica Dimech.
A doença contagiosa provoca
inchaço doloroso das glândulas parótidas, que produzem a saliva. Febre, falta
de apetite e dor de cabeça costumam incomodar os pacientes durante o ciclo. A
transmissão acontece seis dias antes do início dos sintomas e até nove dias após
o surgimento dos sintomas.
“Na sua grande maioria, a doença é benigna, mas pode se
agravar se baixarmos a guarda. O homem pode desenvolver uma inflamação nos
testículos e ficar infértil. A mulher também pode ficar infértil ao desenvolver
uma inflação nos ovários. Há risco ainda de aborto no primeiro trimestre da
gestação”, explica Dimech.
De acordo com o diretor-geral, a vacina contra a caxumba só
foi introduzida no calendário de vacinação em 2004. Por isso, há uma grande
quantidade de pessoas que não foram, devidamente, imunizadas, o que facilita o
aparecimento de surtos.
“Costumamos dizer que só há dois tipos de grupos: os que
estão vacinados e os de maior risco por não estarem vacinados. Como essa
introdução foi há pouco tempo, temos um bolsão de pessoas que não está
vacinado. É preciso, mesmo adulto, atualizar o cartão de vacinação”, pontua.
A vacina utilizada para combater a caxumba é a tríplice
viral, que abrange, também, rubéola e sarampo. Para os adultos entre 20 e 29
anos, é necessário tomar duas doses. Já para os adultos entre 30 e 49 anos, é
uma dose só. Adultos maiores de 50 não precisam tomar. Isso porque acreditam
que eles já foram expostos e estão imunes, já que a pessoa só contrai uma vez a
doença.
“A população acha que a caxumba é uma doença de criança,
mas não é. É preciso estar imunizado porque qualquer um pode contrair e, quando
adulto, é pior. O controle depende de todos atualizarem os cartões de
vacinação. Estamos fazendo campanhas com os municípios, mas o cidadão não deve
esperar a campanha. Ele tem que se antecipar”, conclui Dimech ao afirmar que o
estoque da vacina está alto. (Via: G1 PE)
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