O primeiro aviso veio em dezembro, com uma pesquisa
do Datafolha. Lula tinha 25% das preferências dos eleitores
para o primeiro turno da eleição presidencial de 2018. À época havia um
consolo, num segundo turno, ele perdia para Marina Silva. Agora saiu a pesquisa
da CNT/MDA. Lula cresceu em todas as
simulações e ganha com folga de todos os candidatos, em todos
os turnos. Salvo Jair Bolsonaro, todos seus adversários caíram. Com 6,5% na
resposta espontânea, Bolsonaro tem mais preferências que Aécio Neves, Marina,
Michel Temer, Geraldo Alckmin e Ciro Gomes somados. E Lula, com 16,6%, janta
todos, inclusive o paleozoico Bolsonaro.
Na
resposta espontânea, mais da metade dos entrevistados declarara-se indecisa, o
que reduz o peso dessas percentagens. Na pesquisa induzida, quando o
entrevistado deve escolher um nome numa lista de seis, Lula repetiu o desempenho.
Foi de 24,8% para 30,5%. Todos os outros mandarins caíram, salvo Bolsonaro, que
saltou de 6,5% para 11,3%.
Não
se pode ir longe nas projeções de uma pesquisa realizada a mais de um ano de
distância das eleições, mas alguns resultados da CNT/MDA são fotografias do
presente. Apesar da exposição que seus cargos lhes dá, Michel Temer, Aécio
Neves e Geraldo Alckmin estão derretendo. Derrubaram-se também Ciro Gomes com
seu estilo tonitruante e Marina Silva com seu plácido absenteísmo.
As
artes do Planalto levaram para 62% o índice de desaprovação de um governo que
vive num mundo de trapalhadas, fantasias e marquetagens.
A
jararaca engordou e dificilmente o risco Lula será liquidado pela Lava Jato.
Primeiro porque não será fácil torná-lo inelegível, com uma condenação de
segunda instância, antes do pleito do ano que vem. Mesmo que isso aconteça,
Lula poderá tirar um poste da manga. Joaquim Barbosa, por exemplo.
A
jararaca está viva, engordou e arma o bote. Quem o viu no velório da mulher
pode ter percebido uma emoção verdadeira, dentro da qual havia instantes úteis
a uma retórica eleitoral. (Por Elio
Gaspari - Folha de S.Paulo)
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