Palácio de Joaquim Nabuco, 29 de
junho de 2017
Rodrigo Novaes é advogado e deputado estadual (PSD/PE)
O plenário é o mesmo. Aliás, há quase 150 anos está lá. Nos 4 vértices as
imagens da eloquência, aqui bem atrás; vigiando-me de perto, a justiça, à
esquerda; em frente, a jurisprudência; à direita, a sabedoria.
A cúpula ostenta beleza irretocável. Não sei se mais bonita é sua
imponência tal qual o céu, ou o lustre, que parece iluminar o ambiente mesmo
com suas lâmpadas em seus candelabros de cristais apagadas.
Detalhes nobres, arquitetura clássica.
Ao olhar para a mesa diretora, não por acaso, imagino, logo nos
cumprimentos iniciais, enxerga-se no alto o busto esculpido em madeira de
Joaquim Nabuco, que por sua vida inspira a desafios – de família escravocrata,
lutou pelo fim da escravidão. Mais acima, Cristo.
Tudo mágico. Baixo a vista. Vejo homens e mulheres escolhidos pelo povo
para estarem ali. Cada qual com suas características, formações, cores,
religiões, opiniões. Em pouco tempo não estarão mais naquelas cadeiras
desfrutando do fascínio daquele salão.
Distraído em tanto esplendor, percebo então estar na tribuna. Vejo os dois
microfones estáticos sem vida, que não se apercebem fascinantes pelo papel que
cumprem. De tudo, é a tribuna o que mais encanta. Através dela se perfaz a
democracia – a alma do parlamento. É a voz a expressão da luta, dos anseios,
que dá vida aos argumentos. Daqui nascem os debates, tão caros.
Por aqui já passaram os principais nomes da política estadual (seria
injusto nominar somente alguns); passearam sentimentos diversos. Discursos
simples, discursos brilhantes. Deles, destinos foram traçados, e Pernambuco
decalcado pelo lápis da representação política.
Levanto a vista. Galerias vazias. Por entre os vitrais da entrada, o
Palácio do Campo das Princesas, harmônico em beleza e reverente à margem de cá
do rio.
É uma despedida. O palácio Joaquim Nabuco não mais será testemunha do
contraditório. Ele silencia nesse instante. Descansa. O Poder Legislativo
mantém-se vivo, forte, firme, inspirado por sua história, em respeito à
democracia e ao povo de Pernambuco. (Via: Blog do Jamildo)
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