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domingo, 6 de agosto de 2017

Eu teria condições de gerar votação difícil para Temer, diz Maia


Após o pior momento de sua relação com o governo de Michel Temer, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse à Folha que, se quisesse, poderia ter dificultado a vida do presidente da República na votação da denúncia de corrupção passiva feita pela PGR (Procuradoria-Geral da República). "Não cabia à minha pessoa fazer nenhum movimento que me beneficiasse pessoalmente. Isso mancharia minha biografia", disse o deputado, que nega almejar uma candidatura à Presidência por não ter "apoio popular necessário".

Temer barrou a primeira denúncia com votos de 51% da Câmara, 53% dos presentes. Está longe dos 308 votos para aprovar qualquer PEC. Sobre isso, Maia afirma que "olhando para a necessidade das reformas, precisa reconstruir parte da base para que se possa ter 308 votos necessários para aprovar principalmente a da Previdência. Mas, olhando para trás, para o momento de mais tensão do presidente nesta crise, foi um bom resultado. Não, porque é uma votação atípica. Agora que vai ser mais delicado. O governo vai ter de esquecer o passado recente e construir uma base incluindo aqueles que votaram contra o presidente. Tem que ter muita tranquilidade, conversa".

Sobre reconquistar o PSDB, Maia ressalta que "se estiver em cima da agenda de reformas, que também é a agenda do PSDB, tenho certeza de que o governo tem condição de reconstruir a maioria do PSDB apoiando as matérias do governo".

O centrão acha inadmissível o PSDB continuar com o mesmo espaço. A disputa dificulta o relacionamento com o PSDB?, questionou a Folha. "Não adianta exigir do governo um posicionamento que pode inviabilizar a votação de projetos que podem gerar um resultado nos indicadores econômicos e, principalmente, na redução do desemprego", afirmou o presidente da Câmara.

Veja abaixo trechos da entrevista:

Folha: oSeus aliados diziam que o sr. avaliava a segunda denúncia como mais complicada para o presidente. Com a base que ele tem hoje, sobrevive? 

Maia: Nunca disse. Ouvi isso de muita gente. A cada dez deputados, oito avaliavam dessa forma. As poucas vezes que falei foi para deixar claro que não ia me movimentar contra o presidente. Infelizmente, especularam movimentos meus que não existiram.

Folha :Qual a sua opinião? Ele sobrevive a uma próxima denúncia?

Maia :Ela não existe ainda. Se haverá ou não segunda denúncia é uma questão que não está sob meu comando.

Folha: Hoje há possibilidade de se derrubar o presidente?

Maia: Ele venceu a primeira denúncia. Não posso falar de hipótese que não conheço.

Folha: Quando a crise se agravou, seu entorno começou mobilização para eventual governo seu. clima mudou. Dizem que o sr. se recolheu porque seria alvo de delação. Por que esse discurso esfriou?

Maia: Porque vocês apuram mal. Se vocês apurassem bem, você ia ver que eu nunca me mexi para governo Maia algum.

Folha: Por que o sr. nunca desmentiu?

Maia: Sempre desmenti isso. Mas muitos preferem a matéria do que a verdade. Infelizmente é assim. E os resultados das dez votações provam isso.

Folha: O sr. também nega que seu entorno tenha se movimentado?

Maia: Eu não tenho entorno. Não tenho patota. Sou presidente da Câmara porque não tenho patota. Entendeu?
Ninguém ouviu da minha boca que eu ia ficar contra o presidente da República.

Folha: Em algum momento o sr. pensou que, se quisesse, teria condições de derrubar o presidente?

Maia: Eu teria condições de gerar uma votação muito difícil para o presidente na última quarta-feira e não o fiz. O resultado é prova disso.

Folha: Por que o sr. não fez?

Maia: Acredito que não cabia à minha pessoa fazer nenhum movimento que me beneficiasse pessoalmente. Isso mancharia minha biografia. Sou de um partido da base do governo, que apoia o presidente. Não cabia este movimento.

Folha: O sr. pretende disputar a Presidência da República?

Maia: Pretendo ser deputado. Sou candidato à reeleição.

Folha: Por que não a Presidência?

Maia: Eleição presidencial não se constrói da noite para o dia nem eu tenho a projeção necessária, o apoio popular necessário para estar pensando nisso neste momento. Não é a presidência da Câmara que gera as condições para você ser candidato nem a governador nem a presidente da República. Acho que não tenho votos majoritários no Rio e muito menos a nível nacional para ter a pretensão de me colocar candidato a presidente.

Blog: O Povo com a Notícia