Na expressão de um aliado de
Aécio Neves, o medo passou a “seguir” o senador tucano “como uma sombra.” Ele
receia amargar uma derrota na votação em que o plenário do Senado decidirá se
deve ou não lhe restituir o mandato e a liberdade noturna. Antes apressado,
Aécio já discute com seus aliados até a hipótese de adiar a votação, marcada
para esta terça-feira (17).
Para derrubar as sanções cautelares que lhe foram impostas pela Primeira
Turma do Supremo Tribunal Federal, Aécio precisa amealhar pelo menos 41 votos
entre seus 80 colegas de Senado. Até a semana passada, estimava-se que teria
algo como 50 votos. Mas nove senadores da bancada do PT saltaram da canoa da
solidariedade pluripartidária.
A conta de Aécio ficou apertada. Acionado, o Planalto se esforça para
ajudar. Mas o senador Romero Jucá, líder do governo e principal operador de
Michel Temer no Senado, recupera-se de uma cirurgia. Só deve retornar ao
batente na quarta-feira. Tramou-se uma votação secreta. Entretanto, um juiz
federal de Brasília proibiu. E a Rede Sustentabilidade se equipa para
questionar a manobra no Supremo.
O medo era uma variável inexistente na equação de Aécio. Mas o senador se
deu conta de que o enorme valor que ainda atribui ao seu mandato terá de ser
dividido pelo pouco de vergonha que resta na cara de parte dos senadores. Ainda
é improvável que um Senado apinhado de investigados vá abandonar Aécio à
própria sorte. Mas a simples presença do medo no palco não deixa de ser uma boa
notícia. A sensação de jogo jogado potencializava a desmoralização do Senado. (Por Josias de Souza)
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