Dois em cada três brasileiros com
mais de 16 anos (67%) avaliam que o gás de cozinha compromete muito o orçamento
familiar, de acordo com pesquisa do Datafolha. A maioria absoluta (86%) avalia
que o preço subiu muito nos últimos seis meses.
Desde junho, quando a Petrobras alterou sua política de preços para o
combustível, a alta acumulada no preço de venda do produto pelas refinarias
soma 67,8%. Nas revendas, o preço do botijão teve aumento de 15%.
Nesta quinta (07), a estatal anunciou revisão na política, com o objetivo
de "suavizar" o repasse das volatilidades do mercado internacional.
De acordo com o Datafolha, a percepção do aumento do preço é maior entre
as famílias mais pobres, para quem o combustível tem um peso maior no
orçamento.
Para aqueles que têm renda de até dois salários mínimos (R$ 1.874), 80%
dizem que o orçamento é altamente comprometido pelo preço do gás. Entre os mais
ricos, esse percentual é de 33% –36% que disseram que não há comprometimento
algum.
O gás de cozinha é hoje reajustado pela Petrobras de acordo com uma
fórmula que considera cotações europeias do butano e do propano (elementos
usados na produção do combustível), além da taxa de câmbio.
A empresa justificou a proposta de revisão da fórmula alegando que o
modelo atual traz para o Brasil volatilidades dos mercados europeu, como a
transferência para o consumidor de alta sazonal provocada pela chegada do
inverno no hemisfério Norte.
O objetivo da revisão, diz a companhia, é "buscar uma metodologia que
suavize os impactos derivados da transferência dessa volatilidade para os
preços domésticos".
NOVA FÓRMULA
O reajuste anunciado essa semana foi o último com a fórmula atual.
A nova fórmula ainda não foi anunciada, mas a Petrobras diz, no
comunicado, que "buscará não perpetuar os efeitos sazonais (inverno) já
ocorridos", em um sinal de que pode reduzir o preço.
A decisão se aplica apenas ao gás vendido em botijões de 13 quilos. O
produto para vasilhames maiores ou a granel, mais usados por comércio e
indústria, tem fórmula diferente, que considera também o custo de importação.
A proposta de suavizar as volatilidades foi vista com preocupação no
mercado, pelo temor de artificialização dos preços. Na semana passada, a
estatal já havia sinalizado revisão da política para o diesel, que também deve
reduzir o preço do produto.
GASOLINA
Para 82% dos entrevistados pelo Datafolha, o preço da gasolina também
aumentou muito nos últimos meses. Outros 12% dizem que aumentou um pouco. Para
68%, o atual preço compromete muito o orçamento familiar.
Mas, diferentemente do que ocorre com o gás de cozinha, a gasolina causa
impacto tanto no orçamento de ricos quanto no de pobres.
Na faixa dos que têm renda de até dois salários mínimos, 69% acreditam que
têm o orçamento altamente comprometido, percentual próximo aos 66% da faixa dos
que ganham entre cinco e dez salários (de R$ 4.685 a R$ 9.370).
Entre os com renda superior a dez mínimos, 55% avaliam que o preço atual
compromete muito o orçamento.
Em julho, a Petrobras autorizou sua área técnica a promover reajustes
diários nos preços, com o objetivo de competir com importações.
Desde então, o preço nas bombas subiu 15,4%, com forte impacto também do
aumento na carga tributária promovido pelo governo no fim de julho. (Via: Folhapress)
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