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quinta-feira, 26 de abril de 2018

Golpista que fingiu ser herdeiro da Gol e virou filme é preso em MT


Considerado o golpista mais conhecido do país, Marcelo Nascimento da Rocha voltou à prisão na manhã desta quarta-feira (25), em uma operação da Polícia Civil de Mato Grosso.

Marcelo teve sua extensa ficha criminal — a maioria dos crimes que cometeu são ligados ao estelionato—narrada no livro “VIPs – Histórias Reais de um Mentiroso”. A publicação depois foi adaptada para o cinema com o ator Wagner Moura no papel do golpista.

Seu momento de maior notoriedade ocorreu quando concedeu uma entrevista em 2001 ao programa de Amaury Jr., na Rede Bandeirantes. Na entrevista, Marcelo se passou por Henrique Constantino, filho do fundador da Gol, e até contou planos de expansão da empresa aérea.

Também chegou a se apresentar como chefe do PCC (Primeiro Comando da Capital) quando esteve preso em Bangu, presídio do Rio. Na época, era conhecido como Julião. Durante uma rebelião na unidade, ele chegou a afirmar que o PCC e o Comando Vermelho formavam "uma só família".

Preso em 12 estados diferentes, sendo que fugiu nove vezes, o estelionatário cumpria os quase 35 anos de prisão em Cuiabá (MT). Nascido em Curitiba (PR), Marcelo era piloto e entrou para o mundo do crime quando tinha 16 anos.

Segundo as investigações do GCCO (Gerência de Combate ao Crime Organizado), da Polícia Civil, Marcelo foi detido sob a suspeita de fraudar uma série de atestados de trabalho apresentados por ele à Justiça para diminuir sua pena.

"A gente comprovou que as empresas não têm funcionários, não têm movimentação financeira e só eram utilizadas como forma de justificar a progressão de regime”, disse o delegado Diogo Santana, do GCCO.

Marcelo cumpriu quatro anos de prisão no regime fechado. Em 2014, ganhou o direito ao semiaberto, mas como Mato Grosso não possui unidade prisional para esse tipo de regime, ele passou a cumprir a pena em casa — era monitorado por tornozeleira eletrônica.

Segundo a lei de execuções penais, uma pessoa que é condenada no país tem um dia de pena reduzido a cada três dias trabalhados.

A fraude, segundo a Promotoria de Mato Grosso, foi descoberta a partir de monitoramentos constantes ao cotidiano de Marcelo, que se tornou uma figura pública também na capital mato-grossense.

REGIME FECHADO

De acordo com a promotora de Justiça do Núcleo de Execução Penal, Josane Guariente, foram encontradas cinco empresas de fachada. Nos endereços informados, os investigadores acharam no lugar casas abandonadas, por exemplo. Uma das companhias, inclusive, era ligada a um comparsa de Marcelo, que também cumpre prisão em Cuiabá e foi detido na operação desta quarta.

"Eles tentaram induzir o juízo a erro. Uma vez que os documentos utilizados não são verdadeiros, não há direito à progressão [de regime]”, afirmou Guariente.

A promotora disse ainda que solicitará à Justiça que Marcelo volte ao regime fechado e seja transferido ao Rio de Janeiro. 

Após ser detido, Marcelo foi levado ao Fórum de Cuiabá, onde passa por audiência de custódia que definirá se ele vai ou não retornar ao presídio. O resultado da audiência não foi informado até esta publicação. 

Deverão ser somados à extensa ficha dele os crimes de fraude processual para obtenção de progressão de regime e lavagem de capitais por uso de documentos falsos.

O advogado Antonio Carlos Garcia, que faz a defesa do estelionatário, negou que Marcelo tenha fraudado a documentação apresentada à Justiça. Ele disse ainda que vai apresentar provas de que seu cliente é inocente, mas não informou à reportagem da Folha quais seriam elas.

OPERAÇÃO

A operação “Regressus”, que prendeu o golpista Marcelo Nascimento, ocorreu para desmontar um esquema de corrupção originado na 2º Vara Criminal do Fórum em Cuiabá.

Foram cumpridos três mandados de prisão preventiva e outros 19 de busca e apreensão nas cidades de Rondonópolis, Várzea Grande, Cuiabá e Rio de Janeiro.

As investigações também apontaram que outros detentos buscavam diminuir a condenação que receberam da Justiça usando atestados falsos de estudo. As instituições de ensino usadas pelos criminosos na fraude foram alvo dos mandados de busca. Ao longo das investigações, elas terão que comprovar se os suspeitos realmente eram alunos, quais cursos e a quantidade de aulas que participaram.

Um caso que chamou a atenção da polícia foi a de um atestado com 4.400 horas de aulas cursadas –só essa quantidade daria para um detento reduzir um ano de condenação.

Outro braço da investigação localizou um servidor da 2º Vara Criminal suspeito de subtrair recursos da Justiça. Ele foi preso e responderá pelo crime de peculato (crime de desvio de dinheiro por funcionário que tenha acesso a ele em razão da sua função). (Via: Folhapress)

Blog: O Povo com a Notícia