A
incidência de dengue, em Pernambuco, duplicou em apenas uma semana. Até o
último dia 26, foram registrados 721 casos de pessoas que adoeceram com
sintomas da doença. O volume é mais do que o dobro do número notificado (331
casos) na semana anterior (até o dia 19), segundo boletim epidemiológico da
Secretaria Estadual de Saúde (SES), que tem se mobilizado para frear
especialmente um surto que se espalha pelo Sertão.
“O aumento está localizado
na região, onde há um maior número de pessoas susceptíveis ao adoecimento por
arboviroses. Para se ter ideia, só na Regional de Salgueiro (congrega sete
municípios), foram notificados 81 casos de dengue este ano. No mesmo período do
ano passado, foram apenas 6. Isso chama a atenção, pois a curva de incidência
está ascendente, caracterizando um surto”, esclarece a gerente do Programa de
Vigilância das Arboviroses da SES-PE, Claudenice Pontes.
Segundo a gestora, no Sertão,
percebeu-se uma incidência mais baixa de arboviroses nos últimos anos
epidêmicos (2015 e 2016), o que faz os municípios da região apresentaram agora
um maior risco de epidemia, pois tem uma maior parcela da população susceptível
à infecção pelo Aedes aegypti por não estar imune aos vírus. “Ontem (6)
realizamos uma reunião, em Salgueiro, com representantes de várias secretarias,
pois compreendemos que a situação requer engajamento com outros setores, como obras,
saneamento e educação. E no município, chicungunha também tem lançado um
alerta, pois temos recebido relatos de pessoas que adoeceram com sintomas
compatíveis com a doença”, diz.
O boletim também traça essa
expansão da chicungunha. No Estado, em uma semana, os casos notificados
praticamente triplicaram: saíram de 45 para 121. Segundo Claudenice Pontes, no
próximo balanço epidemiológico, que será divulgado até a sexta-feira (8),
outras áreas do Sertão devem aparecer em situação semelhante à de Salgueiro. É
o caso de Custódia. “No município, as unidades de saúde fizeram o alerta. Os
profissionais perceberam que estavam atendendo um número maior do que o
habitual de casos suspeitos de arboviroses. Isso deve aparecer no boletim
referente à quinta semana do ano.”
Para Claudenice Pontes, o
panorama atual se torna ainda mais crítico por causa das chuvas de verão, o que
abre portas a locais propícios para a proliferação do Aedes. Historicamente as
arboviroses são mais frequentes nos meses de elevadas temperaturas com chuvas
mais intensas – uma combinação que propicia a eclosão de ovos do mosquito. “É
importante a população ter cuidados para evitar depósitos com a presença de
larvas. Além disso, é preciso olhar se quintais, jardins e terrenos possuem
criadouros”, orienta a gestora.
O clínico-geral Carlos Brito,
professor da Universidade Federal de Pernambuco, considera também que o cenário
atual das arboviroses no Estado requer vigilância redobrada. “Realmente dengue
é uma candidata em potencial para uma próxima epidemia, pois Pernambuco está há
muito tempo sem ter uma explosão de casos. Isso significa que há uma fatia
expressiva da população susceptível à infecção, principalmente as crianças que
não foram expostas a surtos anteriores.”
Dengue tipo 2
Em São Paulo, onde casos de
dengue também aumentaram, autoridades se preocupam com a predominância do
sorotipo 2 do vírus. Em Pernambuco, em todo o ano passado, só foi identificado
o sorotipo 1, mas a SES não exclui a possibilidade dos outros três sorotipos da
dengue estarem circulando. (Via: Jc Online)
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