O governo Jair Bolsonaro está
priorizando segundo o Cidade Verde a transposição das águas do rio São
Francisco e a ferrovia Transnordestina.
Essa mudança de prioridade busca não apenas agradar à região onde Bolsonaro
nunca foi bem como também atender às lideranças do Centrão, hoje a base mais
visível do Palácio do Planalto no Congresso Nacional.
Não por acaso, um dos principais interlocutores do governo no Congresso
tem sido o senador piauiense Ciro Nogueira, presidente do PP, que vem a ser o
principal partido do Centrão. O grupo de partidos de centro é considerado hoje
fundamental para a governabilidade de Bolsonaro e para a própria estabilidade
do governo, diante de várias frentes de conflitos e ameaças.
Esta semana, Ciro levou a Bolsonaro (e o presidente abraçou) um projeto de
perfuração de poços como forma de garantir água em boa parte do semiárido do
Nordeste, especialmente do Piauí.
Agora o presidente anuncia a retomada de obras simbólicas para a região.
Ao destravar a transposição das águas do rio São Francisco, afaga sobretudo
Paraíba e Rio Grande do Norte, os dois beneficiados pela nova etapa. E ao
retomar as obras da Transnordestina, distribui carinho especialmente com Piauí,
Ceará e Pernambuco. A obra – que liga aos portos de Suape (PE) e Pecém
(CE) – é considerada estratégica para o desenvolvimento do sertão central.
Desde que começou, há mais de 12 anos, a Transnordestina tem sido um misto
de esperança e más notícias. A esperança vem do que ela pode representar para a
região. As más notícias são pelas sequências de interrupções e também pelas
denúncias de mal uso de recursos. Vale lembrar, a Transnordestina é uma obra
privada (de propriedade da CSN) movida a dinheiro público. As interrupções
foram por vários motivos: questões judiciais, briga de sócios na CSN e falta de
grana no governo.
Além disso, a Transnordestina tem um cronograma de desembolso que não bate
com o ritmo das obras. O orçamento inicial era de R$ 13,7 bilhões. Mas já foram
gastos mais da metade (R$ 6,9 bilhões), embora tenham sido executadas apenas
30% do total de 1.753 km. Da extensão total, 427 km são no Piauí. Com as
decisões do governo de retomar as obras, as ações se concentram no Piauí em 260
km. As obras mobilizam 400 trabalhadores no Sudeste do estado.
Blog: O Povo com a Notícia