No interior de Pernambuco, os criadores de animais estão se virando como podem para manter o rebanho vivo e saudável. O improviso se reflete na economia do estado, onde é possível ver comerciantes e agricultores se endividando e tendo a prejuízo na produção. Falta água, sobram problemas; rebanho mais raro, menos leite, laticínios mais caros. Até os pequenos negócios do interior sofrem com a falta de água, comida e, consequentemente, falta de dinheiro no interior seco.
Lojas de roupas, eletrodomésticos e até os mercadinhos disputam o dinheiro dos clientes com os armazéns que vendem alimentos para animais. Agora, os clientes economizam tudo o que têm para poder manter o gado vivo e saudável. José Ferreira da Silva e Marlene da Silva são comerciantes, criadores de animais, agricultores e têm uma lojinha no centro de Paranatama, no Agreste do estado. Lá, eles dizem que sobra pouco dinheiro para o essecial. “O dinheiro que o povo pega só dá para comprar caminhão d’água e o gado está se acabando. O restinho que tem compram farelo, aí o movimento fica ruim para todos nós que negociamos aqui”, concorda o casal.
Para driblar a falta de comida, Zumir Alves da Silva Júnior faz o que pode para alimentar o rebanho em Itaíba. O gado faminto distrai o estômago com palha ou qualquer coisa verde que encontrar. “Come verde, às vezes come seca, não tem problema, não. O jeito é comer para não passar fome. Comendo e bebendo é o que vale. O pior é a sede”, diz o agricultor. Ele ajuda os bois tirando coco do pé em pleno Agreste para dar ao gado.
Quando o pecuarista tem condições de comprar um animal, fica difícil manter o bicho com os alimentos que tem. José da Silva é criador de ovelhas e diz que a situação é realmente complicada no comércio de bichos. “Aparece, sempre aparece para vender. Pessoas para comprar é que é difícil. A gente chega aqui, encontra a criação com um preço que dá pra comprar mas não tem o que fazer com ele. Não tem ração”, confessa o criador.
Toda essa falta de água e comida para a pecuária mostra suas consequências nos supermercados dos centros urbanos. O preço do queijo e outros derivados do leite também subiu nos últimos meses porque a morte e a venda de vacas fez com que os donos das fábricas produzam apenas metade do que produziam. De acordo com Geraldo Macedo, dono de um laticínio na cidade de São Bento do Una, no Agreste Central, chegou a hora de diminuir o quadro de funcionários. “`Por enquanto a gente vem teimando para não deixar ninguém desempregado”, diz.
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Fonte: G1 PE