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segunda-feira, 28 de abril de 2014

Museu pernambucano expõe peças de artista de Potengi

Ele não é um Santos Dumont, mas já criou inúmeros modelos de aviões, discos voadores e outras peças inusitadas. Tudo a custa do sonho de um dia voar. Nas asas da imaginação, Francisco Dantas de Oliveira, 73 anos, o Françuli, desde menino quando viu o sobrevoo do primeiro avião da roça onde trabalhava com o pai, nem sequer dormiu mais direito naqueles dias de impressão de como aquela máquina se sustentava no ar.

Era o passo do inventor de construir algo parecido, em casa mesmo. Hoje, suas peças fazem parte do Museu do Inventor do Sertão, em Potengi, de sua iniciativa, com apoio de admiradores de sua arte criativa, e se encontra no espaço Cais do Sertão, inaugurado neste mês em Recife, no Pernambuco. Um projeto de imersão na cultura e economia criativa do Nordeste.

No módulo 1 do Cais do Sertão, estão as peças de Françuli, em espaço privilegiado, na dimensão sertaneja do território temático "Criar". Seu trabalho ocupa uma das vitrines, entre as quais se encontram peças do Mestre Vitalino. Na estação interativa, existem coleções de obras artísticas de todos os tempos que retratam o sertão e abriga a exposição de longa duração.

No térreo, o "Rio São Francisco", encravado no piso, serve como demarcação para os diferentes territórios temáticos: Viver, Trabalhar, Ocupar, Cantar, Criar, Crer e Migrar. No primeiro andar, foram instalados karaokês sertanejos, estúdios de gravação, oficinas de instrumentos musicais e a obra completa de Luiz Gonzaga, para acesso e pesquisa. Alguns modelos dos aviões produzidos pelo mestre Françuli, foguetes e discos voadores, estão entre as pelas expostas em um mostruário de acrílico. O trabalho passou pela curadoria do Cais do Sertão, que incluiu nomes como o de Tom Zé. No Ceará, esse trabalho contou também com o trabalho do artista Bené Fonteles, conforme o curador Marcelo Macca. Outro cearense de Preaóca, o artista plástico contemporâneo, Luiz Hermano, foi convidado para desenvolver fez uma escultura inspirada em um mandacaru. O trabalho também está exposto no Cais do Sertão. Mas, houve um encantamento de imediato com as obras de Françuli.

Para Macca, é um trabalho de grande peculiaridade e incrível, ao mesmo tempo. O curador ainda não conhecia a obra de Françuli e pretende ir até o Museu do Sertão, na cidade de Potengi, onde Françuli reúne centenas de peças de sua criação.

Profecia

O Cais do Sertão teve as portas abertas ao público, no último dia 3 abril. Foi a primeira etapa de um projeto de R$ 97 milhões, com recursos do Ministério da Cultura e Governo de Pernambuco. O equipamento atualiza a profecia de Antônio Conselheiro, transformando o antigo Armazém 10 do Porto do Recife em um microcosmo sertanejo.

No ´beco de Françuli´ existe a oficina e o museu. No corte do zinco à pintura criativa, ele desenvolve a arte que, para ele, dá mesmo é um grande prazer de elaborar. O artesão sempre sente a grande alegria de poder ver suas peças sendo contempladas. Cada uma tem um universo particular, do aspecto lúdico da arte do inventor.

Além de aeronaves, boeings, entre outros equipamentos voadores, Françuli produz suas próprias ferramentas de trabalho. São diversos modelos de lamparinas pelo chão do museu, dividindo espaço com os aviões estilizados, em tamanhos variados, balões, dirigíveis e ultraleves. Françuli busca soluções, com o desejo transformador, de criar equipamentos até para facilitar a captação de água. Desenvolveu um equipamento para retirar água do subterrâneo e encher as latas do líquido para saciar a sede. Só não patenteou a invenção. Amostras da engrenagem estão presentes no espaço comprido e de um só vão, com dezenas de peças expostas, e que já se tornou uma atração à parte para a pequena cidade de pouco mais de 10 mil habitantes.

Mas o sonho de transformar com o flandre veio a partir da primeira aparição de um avião sobre o céu de Françuli. Desse período por diante, depois dos 6 anos, a finalidade era só fazer igualzinho ao que viu passar sobre sua cabeça. E depois vieram barcos, navios, mais e mais lamparinas, pássaros, e o sonho de voar.

No museu, o agricultor de hábitos simples, que se criou trabalhando na roça, há um boneco feito em sua homenagem. Com um avião na mão. Tudo que voa neste mundo chama a sua atenção. Em qualquer lugar que se encontre, tem que haver por perto uma de suas criações, seja um pássaro de zinco recortado ou um avião. Todos os dias, praticamente, Françuli sai de seu sítio, no Monte Belo, em Araripe, percorrendo um trajeto de 20 quilômetros até Potengi.

São cerca de 12 modelos de aviões distribuídos no salão do museu. Com incentivo do amigo, o historiador alemão Titus Riedl, decidiu concretizar um desejo, que era a criação do museu, em Potengi A tentativa de fazer um ultraleve alçar voo não foi frustrante. Chegou a um pequeno rasante. Não foi mais longe por falta de dinheiro para comprar um motor garantido.

Mais informações:

Museu Inventor do Sertão
Rua Beco de Françulí
Centro
Potengi
Telefone(88) 3538.1225

Blog: O Povo com a Notícia
Fonte: Diário do Nordeste