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segunda-feira, 28 de julho de 2014

´Aborta missão. Foi todo mundo pego´, diz ativista em escuta

Investigação da polícia do Rio indica que o grupo de ativistas indiciados por planejar um ataque com molotovs no dia 13 de julho, na final da Copa do Mundo, próximo ao Maracanã, também detinham rojões recheados com pregos e ouriços - objetos de ferro com várias pontas. O Fantástico divulgou gravações telefônicas, feitas pela polícia com autorização da Justiça, dos manifestantes se organizando e dividindo funções.

A operação planejada para o dia da partida entre Alemanha e Argentina era chamada de "Junho Negro". De acordo com a investigação, explosivos seriam deixados numa praça movimentada, num bairro próximo ao Maracanã. O planejamento ocorreu ainda em agosto de 2013, dentro de uma barraca montada em frente à Câmara Municipal, quando os jovens decidiram que era preciso aumentar a violência nos protestos.

"Essa reunião foi quando se começou a falar em coisas mais agressivas... Rolou a coisa de quererem queimarem um ônibus ali na Rio Branco, isso aconteceu realmente. Isso foi até noticiado, queimaram até um ônibus da polícia", disse uma testemunha que não quis se identificar.

Segundo a polícia, foram mais de 30 depoimentos, milhares de horas de gravações feitas com a autorização da Justiça e sete meses de trabalho, que apontaram que na tal barraca estavam, entre outros, Elisa Quadros, a Sininho, Igor Mendes da Silva, Camila Aparecida Jourdan e Luiz Carlos Rendeiro Júnior, o Game Over. Eles estão entre os 23 indiciados que respondem por praticar e incitar atos violentos. 

Segundo as investigações, o preparo envolvia a compra de rojões, a produção de coquetéis molotov e de outros tipos de explosivos, que deveriam ser atirados nos policiais. As ações violentas eram comentadas por telefone pelos próprios manifestantes. Os denunciados decidiram que era necessário esconder os explosivos em carros nas redondezas do Maracanã, para não correr o risco de serem pegos com os objetos nas mochilas.

A estratégia foi testada em protestos na praça Saens Peña, próximo ao estádio, nos dias de jogos de Copa. Em 28 de junho, Camila foi flagrada avisando um homem sobre a operação da polícia. "Aborta a missão, some da rua, some. Entendeu? Some. Foi todo mundo pego." Na casa dela, foram encontrados 20 rojões recheados com pregos e 178 ouriços.

O "Junho Negro" acabou sendo frustrado e os rumos tomados pelos líderes afastaram antigos aliados e despertaram a desconfiança, como mostra uma conversa entre um homem não identificado e a advogada Eloisa Samy, denunciada no processo. "Eu acho que já passou mais que da hora da gente começar a levantar boicote sim, começar a mostrar as verdades de quem a FIP de fato é. Porque eles estão levando a gente pro fundo do poço, Elô. Estou falando pro nosso meio, porque tem muitas pessoas ali, Elô, que estão sendo enganadas. Tem muitas pessoas de alma, de bom coração ali, que estão sendo enganadas, e aí, vão para Saens Peña da vida e levam porrada, isso é certo?"

O Fantástico procurou os citados na reportagem. O Instituto de Direitos Humanos, que representa Rebeca Martins de Souza e Luiz Carlos Rendeiro Júnior, o Game Over,  disse que eles não querem fazer declarações e só vão falar em juízo. A comissão da OAB que defende a advogada Eloisa Samy também afirmou que ela não quer falar. O advogado Marino D’icaray Júnior, que defende Camila Jourdan, Igor Mendes da Silva, Igor D’icaray e Elisa Quadros, a Sininho, não retornou as ligações. Também foram deixados recados no telefone da própria Sininho, mas ela não respondeu. (Terra)

Blog: O Povo com a Notícia