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domingo, 22 de fevereiro de 2015

Sexting: Troca de imagens sensuais é cilada na web

A cena é real e aconteceu em um colégio particular da Região Metropolitana do Recife (RMR). Um professor de ensino médio pede a um aluno de 15 anos, via mensagem de WhatsApp, as fotos de uma colega de classe nua. O assunto vaza na escola e o profissional termina demitido. O sexting, prática onde adolescentes usam celulares e outros aparelhos eletrônicos para enviar fotos do corpo nu ou seminu, também pode resultar em prisão e em sofrimento psicológico na pessoa exposta.

A palavra sexting é originada da união de outros dois vocábulos em inglês: sex (sexo) e texting (envio de mensagens). O comportamento acontece principalmente entre as adolescentes. Elas podem enviar as imagens para amigos por conta própria ou serem convidadas para posar. “Uma colega minha mandou uma foto com roupas íntimas para um amigo e ele mandou para todo mundo. Ela ficou desesperada e terminou saindo do colégio. Mas conheço outra garota que postava fotos nuas no Facebook e mandava mensagens pelo WhatsApp porque gostava mesmo de se exibir”, conta uma estudante de 16 anos.

O psicólogo Carlos Brito, professor da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), explica que, até a década de 1990, o adolescente se exibia mais pela opinião política, pelo modo de se vestir, pelo gosto musical. “Hoje, por trás dessa construção do adolescente, há a exploração do visual - que começou no Orkut e hoje está no Facebook e WhatsApp. 

Por isso essa cobrança da exposição pública do ser humano. O corpo termina entrando como elemento narcísico para se tornar conhecido. É algo que precisa ser investigado. É característica do adolescente querer ser aceito, mas hoje ele usa a exposição do corpo para tal, quando antes não era assim. É a cultura do público, que também atinge os adultos”, analisa.

A ONG Safernet alerta que o sexting pode parecer uma brincadeira inocente, mas, uma vez online, as pessoas perdem o controle da foto ou do texto publicado, já que qualquer um pode manipular as imagens e usá-las contra as vítimas. É importante que o adolescente nunca se deixe levar por pressões para produzir ou publicar imagens sensuais e procure adultos de confiança para tirar dúvidas. 

O sexting está classificado como uma forma de pornografia infantil e pode resultar em prisão. A pessoa que faz a divulgação do conteúdo, se for menor de idade, pode ser punida com medida socioeducativa. No caso de ser maior de 18 anos, pode receber pena de prisão de três a seis anos, mais multa. Manter a imagem, mesmo sem compartilhá-la, resulta em pena de um a quatro anos de prisão.

12 dicas para não ser mais uma vítima
Jamais se deixe levar por pressões para produzir ou publicar imagens sensuais;

Tudo o que fazemos online tem consequências também fora da Internet. Pense muito bem antes de publicar;

Quando tiver dúvidas em relação aos comportamentos sexuais, procure conversar com seus pais e amigos(as) de confiança antes de se expor pela internet;

Não há nada de errado em falar e discutir sobre sexualidade. O erro é não se proteger e não se informar sobre como manter relações saudáveis;

Pais e educadores: Saiba que vocês não precisam ser experts em tecnologia, basta transpor a cidadania também para este novo ciber-espaço público;

Proteja seus direitos sexuais e não facilite agressões;

Pais: dialoguem com seus filhos. Os valores e limites de sua família precisam ser discutidos também em relação aos comportamentos online;

Infelizmente não são apenas nossos amigos que podem ter acesso ao que divulgamos online;

Uma vez online, perdemos completamente o controle da foto ou texto que publicamos;

Atuais e futuros colegas de escola e de trabalho, parentes, inimigos, estranhos e até criminosos podem ver, copiar e manipular o que você divulga na internet;

Pode parecer uma brincadeira inocente, mas expor imagens de forma sensual coloca nossa privacidade em risco;

Essas fotos podem dizer muito sobre sua vida para pessoas que você nem gostaria de conhecer. (Diário de PE)

Blog: O Povo com a Notícia