Morto num acidente aéreo em agosto
do ano passado, o ex-governador Eduardo Campos (PSB) voltou a ser acusado pelo
doleiro Alberto Youssef, uma das peças-chave mais emblemáticas da Operação Lava
Jato, que investiga esquemas de desvio de dinheiro na Petrobras, de ter
recebido R$ 10 milhões de propina durante as obras da refinaria Abreu e Lima,
em Suape.
A
declaração foi feita em depoimentos de delação premiada. O doleiro também se
referiu ao ex-senador Sérgio Guerra (PSDB), também já morto, e ao deputado
Eduardo da Fonte, líder do PP na Câmara. O doleiro detalhou dois casos
específicos, nos quais mais de R$ 40 milhões foram movimentados para, entre
outras medidas, impedir a criação de uma CPI envolvendo a estatal.
As
informações estão em reportagem publicada hoje pelo jornal Folha de S. Paulo.
Em seu depoimento, o doleiro afirma que Eduardo teria recebido o valor entre
2010 e 2011, como propina das empreiteiras Odebrecht e OAS, responsáveis pela
instalação de unidades de processamento em Abreu e Lima. Eduardo Campos teria
recebido o montante para evitar dificuldades no andamento das negociações.
O
total da propina foi de R$ 30 milhões, valor dividido entre o ex-governador,
Paulo Roberto Costa e o PP. A propina teria sido entregue a Eduardo Campos no
Recife. Além dos políticos pernambucanos, o delator também envolveu em seus
depoimentos o senador Ciro Nogueira (PP-PI), e o ex-diretor de abastecimento da
Petrobras Paulo Roberto Costa, que está preso.
Youssef
afirmou que Nogueira e Fonte teriam, entre 2010 e 2011, recebido propina da
construtora Queiroz Galvão para formalizar um contrato para implantação de
tubovias na refinaria Abreu e Lima. Na época, tanto a Queiroz Galvão quanto a
Lesa assinaram contrato no valor de R$ 2,7 bilhões para a implantação das
tubovias.
O
contrato teria sido assinado no Rio de Janeiro, na presença de um representante
da Queiroz Galvão, Paulo Roberto Costa, o ex-presidente do PP, José Janene,
morto em 2010, o ex-assessor do PP João Genu e o próprio Youssef. Na
negociação, a empreiteira foi pressionada para dar celeridade aos processos,
sob a ameaça de que fosse criada uma CPI da Petrobras, à época estimulada pela
oposição.
O
operador do esquema foi Fernando Soares, também preso pela Lava Jato. Parte da
propina foi paga em doações oficiais aos políticos e a outra destinada a
Youssef, que repassou para Ciro Nogueira e Eduardo da Fonte. Sérgio Guerra
entra na história para impedir a realização de uma CPI na Estatal. Para isso, o
ex-senador teria recebido R$ 10 milhões.
Blog: O Povo com a Notícia