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sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Cortes ameaçam segurança do país, diz Exército

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Em audiência, comandante afirmou que as restrições orçamentárias impostas pelo governo à área militar põem em risco projetos importantes, como o da vigilância de fronteiras
O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, afirmou ontem no Senado que todos os projetos da área da defesa estão atrasados por causa dos cortes orçamentários. Segundo ele, isso representa “risco real” de uma grande regressão nessa área. — Podemos retornar a uma situação de 30, 40 anos atrás, quando éramos a oitava maior indústria de defesa do mundo e tudo foi perdido. Mais dois anos nesta situação e todo o esforço pode se perder — disse. O comandante falou numa audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) proposta por Ricardo Ferraço (PMDB-ES). O general fez questão de defender o ministro da Defesa, Jaques Wagner, que, na opinião dele, tem se esforçado para reduzir o impacto desses cortes sobre a pasta. Villas Bôas garantiu que o ministro tem pleno conhecimento da situação. O presidente da CRE, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), informou que buscará no Ministério da Defesa e no Exército definir quais projetos são os prioritários, para que recebam as emendas da comissão no Orçamento 2016.

Relator do Livro Branco da Defesa — documento público que expõe a visão do governo sobre o tema, a ser apresentado à comunidade nacional e internacional —, Ferraço criticou Jaques Wagner por, segundo ele, estar hoje mais envolvido com a crise política do que com a crise que atinge a defesa. O senador informou que há vários dias vem tentando se reunir com o ministro, mas sem sucesso. Fronteiras Um dos principais pontos abordados durante a reunião foi o atraso na implantação do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron). O programa começou a ser implantado em 2013, com prazo de conclusão de dez anos, mas, segundo Ferraço, se for mantido o cronograma atual de repasses, esse projeto só estará finalizado daqui a 60 anos. — O quadro hoje é de desemprego, atraso tecnológico e perda de mercados em virtude da orgia fiscal praticada pelo governo em outras áreas — criticou o senador.
Villas Bôas confirmou que o atraso no Sisfron também é o que mais lhe preocupa. Ele revelou que apenas 7,2% dos investimentos previstos até agora foram feitos. Para o general, a atuação dos cartéis internacionais ligados ao tráfico de drogas é hoje a maior ameaça à sociedade brasileira. O Sisfron será um elemento forte de dissuasão e combate à atuação desses grupos. Na opinião do comandante, milhões de brasileiros sofrem a consequência direta do desguarnecimento das fronteiras, por onde entra a droga responsável por 80% da criminalidade urbana, segundo dados da Polícia Federal. Ana Amélia (PP-RS) mostrou preocupação com a grande vulnerabilidade do país na área de defesa cibernética. Ela citou o caso de espionagem feita pela Agência Nacional de Segurança dos EUA sobre a presidente Dilma Rousseff e outras autoridades. O general concordou e classificou essa área como fundamental. Apenas durante a Copa do Mundo, revelou, foram neutralizados 756 ataques contra o aparato cibernético utilizado na organização do evento. Villas Bôas também destacou a grande ameaça que ronda hoje todos os programas relacionados ao desenvolvimento de mísseis, foguetes e blindados. O comandante reiterou que um país que é a oitava maior economia do mundo e com a presença de efetivos em diversas nações (Haiti, Líbano, Congo e outras) não pode ficar desguarnecido. — São áreas geradoras de empregos altamente qualificados e grandes exportadoras — frisou.
Os senadores pediram a opinião do general sobre a presença de manifestantes em protestos populares que pedem o “retorno do regime militar”. Para ele, a sociedade amadureceu democraticamente e “não precisa ser tutelada”. Para ele, parte desses manifestantes na verdade clama por gestões baseadas em valores, e a classe militar seria percebida por eles como “portadores desses princípios”. — Temos compromisso com a legalidade e com a estabilidade. Jamais seremos agentes de instabilidade. Nossa missão é clara e determinada pela Constituição — definiu Villas Bôas, recebendo elogios de Aloisio Nunes Ferreira, Ana Amélia, Tasso Jereissati (PSDB-CE), Edison Lobão (PMDB-MA) e José Agripino (DEM-RN).
Blog: O Povo com a Notícia