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sábado, 30 de janeiro de 2016

Lula e Dirceu vivem sob regime da amigocracia

O Ministério Público e a Polícia Federal ficam aí falando mal de Lula e Dirceu, mas na verdade eles só merecem admiração. Numa espécie de autodelação, os dois confessaram ter cometido o crime da amizade. Tornaram-se amigos seriais. Está certo, dá dinheiro. Dá muito dinheiro. Dá dinheiro demais. E essa é uma das misérias desse tipo de delito. Porque o brasileiro é invejoso. Não suporta a prosperidade alheia. Sobretudo quando ela é exorbitante.

Em depoimento ao juiz Moro, Dirceu admitiu que a reforma de sua residência, estimada em R$ 1,8 milhão, foi mesmo bancada pelo lobista Milton Pascowitch, um dos delatores do escândalo da Petrobras. Pascowitch foi tão generoso em troca de quê? “Da relação de amizade que ele tinha com Dirceu”, disse Roberto Podval, advogado de Dirceu, ecoando declarações feitas por seu cliente ao juiz.

O doutor Podval acrescentou um palpite pessoal: “Se você perguntar para mim em troca de quê [Pascowitch pagou a milionária reforma], eu vou te falar: em troca de vender a amizade de Zé Dirceu.” Nessa versão, Dirceu é vítima. Sofreu uma exploração indevida da amizade que nutria pelo lobista. Pobre homem rico!

Dirceu também admitiu ao juiz ter utilizado o jatinho de outro amigo-lobista, Julio Camargo. Fez isso uma, duas, três, quatro, cinco… 113 vezes. Coisa normal, disse o advogado, “prática de uma vida inteira''. Como assim? “Ele voou, os aviões foram cedidos.” Heimmm?!? O doutor recitou as palavras do seu cliente: Ele “disse que na 'minha vida inteira os aviões sempre foram cedidos, por ele [Julio Camargo], por outros'.''

A Procuradoria e a PF estimam que, no total, Dirceu recebeu R$ 11,9 milhões dos seus amigos da Lava Jato. Imagine-se a quantidade de vezes que seu imaculado nome foi indevidamente explorado para cavar negócios na Petrobras!

Simultaneamente, a assessoria de Lula divulgou nota oficial para confirmar que, noves fora o triplex do Guarujá, de cuja titularidade abdicou, o ex-presidente dispõe de um aprazível sítio para as horas de descanso, em Atibaia. A propriedade é de “amigos da família.” Foi reformada pela companheira Odebrecht. Mas sobre isso a nota silencia.

Os amigos proprietários do sítio se chamam Jonas Suassuna e Fernando Bittar. Ambos são sócios do primeiro-filho Fábio Luís da Silva, o Lulinha. Um indício de que o crime da amizade é hereditário. Quem sai aos seus não endireita.

Diz a nota: “Embora pertença à esfera pessoal e privada, este é um fato tornado público pela imprensa já há bastante tempo. A tentativa de associá-lo a supostos atos ilícitos tem o objetivo mal disfarçado de macular a imagem do ex-presidente.'' Quer dizer: a exemplo de Dirceu, Lula é vítima de suas amizades.

A imprensa deveria se ocupar de outra denúncia: brasileiros endinheirados estão adotando como amigos, clandestinamente, personalidades do PT e adjacências, recobrindo-as de mimos. Dão preferência aos cardeais petistas, que passam a viver numa espécie de Pasárgada particular, sob o regime da amigocracia. A discriminação é evidente: por que excluir o resto dos brasileiros? O preconceito é intolerável.

Dilma deveria pensar no lançamento de um programa novo: ‘Meu amigo, Minha Vida’. Afinal, todos têm direito a desfrutar de um jatinho no hangar, um triplex na praia e um sítio a 50 quilômetros da metrópole. Ou locupletam-se todos ou o povo vai acabar cansando de se fingir de bobo pelo bem do Brasil. (Via: Josias de Souza)

Blog: O Povo com a Notícia