A festa estava sendo entoada em
três, dos quatros cantos, do estádio Amigão, em Campina Grande. O silêncio
tricolor dava pra ser sentido. Não haviam torcedores naquele espaço da
arquibancada. Apenas almas ainda descrentes diante da perda do título, que parecia
tão possível. Mas toda essa sensação teve um intervalo de tempo de dez minutos.
Pareceu uma eternidade. Bendito Arthur, o jogador responsável por recolocar
vida naqueles corpos tricolores. E eles passaram a respirar cantando: “Ah... É
Pernambuco!” O título da Copa do Nordeste é apenas seu Santa Cruz. Inédito.
Histórico. Tricolor.
Obvio que aquele
0 x 0, insistente por todo o primeiro tempo, e inalterado até os 25 minutos da
etapa final, era completamente enganoso. Uma outra partida, entre os mesmo
rivais de ontem havia sido disputada na última quarta-feira, e a vantagem
tricolor, no duplo confronto, foi aberta naquele gol de Bruno Moraes, no apagar
das luzes. Era este 2x1 que não saia das cabeças dos tantos torcedores
presentes no Estádio Amigão, em Campina Grande. E foi ele quem ditou
estratégias e comportamentos durante o jogo.
O Campinense não foi
o mesmo do primeiro encontro, no estádio do Arruda, assim como o Santa Cruz
também esteve diferente da equipe que atuou no Recife. Falo na questão de
atitude. Os tricolores foram os adversários que a Raposa conseguiu ser na
primeira partida. A diferença, no entanto: os anfitriões de Campina Grande se
mostraram mais perigosos que os corais da partida de ida. De fato, o placar e o
tempo eram inimigos, e o Santa Cruz soube atrair essa dupla de aliados para o
jogo.
Tudo poderia ter
sido tão diferente se Grafite não tivesse desperdiçado a melhor chance da
partida no primeiro tempo. Jogada que começou com Arthur, em contra-ataque, e
que fez a bola chegar na grande área para o centroavante coral, sozinho, abrir
o marcador. Ele errou o chute, quando só havia o goleiro Gledson e as traves a
sua frente. Naquele momento, os tricolores já tinham João Paulo em campo.
Leandrinho havia sentido uma contusão e deu a vaga ao jogador.
Quem sabe se tudo
tivesse sido diferente, o Campinense não seria capaz de implementar tanto calor
na equipe do Santa Cruz, no segundo tempo. A mudança de postura dos
rubro-negros de Campina Grande. Demorou, mas quando a bola estufou as redes
pela primeira vez, houve apenas um último silêncio no estádio: aquele que
precedeu o grito de gol.
E que pintura foi
aquele momento. O artilheiro Rodrigão tabelou dentro da área, e tocou na saída
do goleiro Tiago Cardoso. Fez-se assim o seu nono gol na Copa do Nordeste. Mas
o melhor estava guardado para o final. O Santa Cruz ressurgiu das cinzas, em um
chute de Arthur aos 30 minutos do segundo tempo. Momento em que a equipe entrou
para a história, e ganhou o Nordeste. (Via: Folha PE)
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