Na
noite do último sábado (16), alguns talentosos sanfoneiros tocaram num palco
montado às margens do rio São Francisco em Juazeiro, interior da Bahia. Essa
celebração encerrou o 4º Festival Internacional da Sanfona, que durante alguns
dias transformou a cidade numa espécie de capital mundial do instrumento.
Não é exagero. Desde o dia 13, sanfoneiros de todas as idades
circularam pelo Centro de Cultura João Gilberto, que leva esse nome porque o
pai da bossa nova é filho da cidade. Mas, nesses dias, o filho mais aclamado de
Juazeiro é Targino Gondim, virtuoso da sanfona que organiza o festival, ao lado
de Celso de Carvalho.
Um "superstar" na região, é conhecido nacionalmente
por ser autor de "Esperando na Janela", sucesso da voz do baiano
Gilberto Gil. Targino foi uma das atrações no sábado, que teve também o mestre
acreano da sanfona Chico Chagas e, como convidado especial, o cantor cearense
Raimundo Fagner. A ideia de Targino é mostrar as várias caras que a sanfona
tem. Por isso, o evento procura reunir gente de vários lugares, músicos que têm
comunhão com aquele instrumento tocado junto ao peito, que muda até de nome
dependendo de onde vem o tocador.
O gaúcho Renato Borghetti, que fez um dos shows de quinta-feira
(14), toca "gaita", como é chamada a sanfona dos pampas. O argentino
Gabriel Merlino toca o bandoneon, e faz isso muito bem. Deu dois shows
vibrantes acompanhado da cantora Vanina Tagini, trazendo tango ao sertão. Outro
estrangeiro foi o americano Murl Sanders, que veio de Seattle mas é cidadão do
mundo, a ponto de arriscar palavras em português para se comunicar com o
público.
Entre as atrações brasileiras, várias gerações estavam
representadas. Oswaldinho do Acordeom, 62, uma lenda da sanfona, emocionou o
público na sexta (15) com seu jeito fluido de tocar. Contou histórias
engraçadas e mostrou sua recente versão blues do clássico "Asa
Branca".
Na mesma noite, Mestrinho, 28, deu mais uma prova de que talvez
seja o grande nome da geração mais nova. Sozinho no palco, sem banda para
acompanhá-lo, fez um show que foi crescendo a cada música, terminando em
consagração. Ele também escolheu clássicos no repertório e recordou histórias
carinhosas e divertidas sobre Dominguinhos, seu grande mestre.
Targino se apresentou com seu Quinteto Sinfônico da Bahia na abertura
do festival. Ele e mais quatro sanfoneiros de primeira (Marquinhos Café, Rennan
Mendes, Gel Barbosa e Sebastian Silva) mostraram a versatilidade da sanfona,
que é difícil de tocar e quase sempre uma tradição familiar. Uma cena no lobby
do hotel, na manhã do sábado: um pai levou o filho para tocar diante de
Oswaldinho. O veterano ouviu com atenção e, depois, passou alguns conselhos.
Quem sabe daqui a alguns anos o rapaz volte como uma das atrações do festival. (Via: Folha de S.Paulo)
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