Após perder milhares de cargos
comissionados em todo o país com o impeachment de Dilma Rousseff e com a saída
de cerca de 350 prefeitos, o PT pretende passar por cima do discurso de golpe e
apoiar candidatos da base de Michel Temer à presidência da Câmara e do Senado.
A ideia é ter aliados em
cargos ligados às vagas que devem ser ocupadas pelo partido nas Mesas Diretoras
das duas Casas. O número pode chegar a 88.
No ano passado, o
partido perdeu os cargos atrelados às lideranças do governo no Senado e no
Congresso e agora deve apoiar Eunício Oliveira (PMDB-CE) para garantir uma
posição na Mesa Diretora.
Os petistas não querem
repetir o erro cometido em 2015 na Câmara, quando a sigla lançou candidato
próprio, perdeu para Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e ficou fora do centro de decisões
da Casa.
Até o final do mês, o PT
mantém suas duas posições na Mesa. Atualmente, Jorge Viana (AC) ocupa a
primeira vice-presidência e Ângela Portela (RR), a quarta secretaria, com cinco
e 13 indicações, respectivamente.
A Folha apurou que, para
justificar o apoio, petistas pretendem dizer que não referendam o nome de
Eunício, mas apenas seguem o regimento interno do Senado, segundo o qual,
sempre que possível, deve-se respeitar a proporcionalidade na formação da Mesa.
Por essa lógica, a presidência cabe à maior bancada, no caso, o PMDB, que tem
19 senadores.
Em troca do apoio,
Eunício ofereceu ao PT a primeira-secretaria, uma espécie de prefeitura da
Casa. Ao titular caberá administrar em 2017 um orçamento de pouco mais de R$ 4
bilhões e a indicação de 12 a 55 cargos comissionados.
Os senadores pretendem
indicar José Pimentel (CE) para ocupar o posto.
A negociação visa manter
o PT longe dos cargos mais altos da Mesa depois do susto pelo qual o PMDB
passou no fim do ano passado, quando Renan Calheiros (PMDB-AL) ficou na
iminência de perder a presidência e deixá-la na mão de um petista.
A parceria entre governo
e oposição, no entanto, não é consenso no partido. Petistas relatam focos de
resistência na bancada, como os senadores Lindbergh Farias (RJ) e Gleisi
Hoffmann (PR). Ambos não atenderam às ligações da reportagem. Caso não se
convençam até o final de janeiro, véspera do pleito, o presidente do partido,
Rui Falcão, e o ex-presidente Lula podem entrar em campo.
SALÃO VERDE — No outro lado do Congresso, o PT deve apoiar a
reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara, em detrimento
do único candidato oposicionista, André Figueiredo (PDT-CE).
Alguns petistas defendem
apoiar inicialmente Figueiredo para não votar logo de início em um candidato do
DEM, um dos principais fiadores do impeachment de Dilma. Falam ainda em
reconhecer a lealdade do PDT até a queda da petista. A ala mais pragmática,
contudo, não quer arriscar ficar sem cargos e defende estar com Maia já no
primeiro turno.
A decisão final será
tomada em reunião no próximo dia 17, mas petistas já negociam a segunda
secretaria da Casa, que trata de estágios, prêmios conferidos pela Câmara e da
emissão de passaportes diplomáticos para deputados. O cargo permite nomear 33
comissionados.
A eleição no Senado está
agendada para 1º de fevereiro. Na Câmara, a votação acontece no dia seguinte. (Via: Folhapress)
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