De acordo com dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), mais da metade da população do Brasil é formada por pessoas
negras ou pardas. E a cada dez delas, três são mulheres negras. Em Pernambuco,
mais da metade dos habitantes é negra ou parda.
Apesar dos números significativos, o racismo ainda se faz presente na
realidade do país, o que pode ser facilmente evidenciado através dos índices de
desigualdade sócio-econômica, que são alarmantes quando dizem respeito à
população negra.
Segundo dados do IBGE, em 2015 apenas 12,8 % da população negra do país
cursava o nível superior. A pesquisa também aponta que pessoas pretas e pardas
têm mais probabilidade de viver em ambientes onde as condições de vida são
precárias (difícil acesso à ítens de luxo, tecnologia e até a serviços básicos,
como água, esgoto e coleta de lixo).
Os números ficam ainda mais alarmantes quando dizem respeito às mulheres
negras, que além das injustiças sócio-econômicas enfrentadas pela população
negra em geral, ainda sofrem com o machismo e a violência doméstica. De acordo
com uma pesquisa divulgada em 2016, no período de 2002 a 2013, o índice de
assassinato a mulheres negras teve um aumento de 54,2 %.
Foi a partir dessa realidade social, que um grupo de militantes que
integram a Rede de Mulheres Negras de Petrolina, deve se reunir com outras
mulheres para discutir essas e outras questões durante o I Encontro de Mulheres
Negras do Sertão do São Francisco, que será realizado no dia 20 de julho em
Petrolina, no Sertão de Pernambuco. A entrada é gratuita e aberta ao público em
geral.
O encontro acontecerá na sede do Sest/Senat, localizado na Rua Souza
Leão, número 10, Km 02, Zona Sul de Petrolina, das 8h às 18h. A inscrição é
gratuita e pode ser feita, até o dia 30 de junho, através do formulário de
inscrição.
Buscando fortalecer a ação das mulheres negras do Sertão do São
Francisco, em prol da luta contra o preconceito racial, o sexismo e o machismo,
o evento contará com uma programação de apresentações culturais, palestras,
oficinas, exposições artísticas, estandes de artesanato e culinária regional,
vivências, debates e articulações para a luta feminista negra.
De acordo com a representante da Rede de Mulheres Negras de Petrolina,
Viviane Costa, uma das propostas do encontro é reunir mulheres de outros
municípios, como Afrânio, Cabrobó, Orocó, Dormentes, Lagoa Grande e Santa Maria
da Boa Vista, no Sertão de Pernambuco.
Ainda segundo Viviane Costa, o encontro busca promover a troca de
conhecimento e experiências entre mulheres negras, fortalecendo, assim, a luta
feminista negra na região.
“Enquanto mulher negra
militante, percebo que em Petrolina as discussões sobre isso são escassas.
Temos feito um trabalho de levar informação e conhecimentos para as muheres,
para que elas saibam o que é feminismo negro e o por quê da nossa miltância”,
disse.
Durante o encontro, também será avaliada e aprovada a 'Agenda de Lutas
das Mulheres Negras no Sertão', que reúne articulações e encaminhamentos para a
luta feminista negra na região.
Julho das Pretas
O I Encontro de Mulheres Negras do Sertão do São Francisco faz
referência ao 'Julho das Pretas' (em alusão ao Dia Internacional da Mulher Afro
- Latino – Americana e Afro-Caribenha, comemorado em 25 de julho), que é o mês
de atividades que buscam promover maior visibilidade à luta das mulheres negras
sertanejas. O movimento é realizado através de parcerias, debates e ações em
municípios do interior do Sertão de Pernambuco, onde o movimento feminino negro
de mulheres quilombolas, trabalhadoras rurais e ribeirinhas, por exemplo,
permanem quase sempre no anonimato.
Rede de Mulheres
Negras de Pernambuco em Petrolina
O encontro é promovido pela Rede de Mulheres Negras de Petrolina,
surgido em 2011 durante Encontro Ibero Americano do Ano dos Afrodescendentes,
em Salvador (BA). A Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo, a Violência e
pelo Bem Viver, em Brasília (DF), em 2015, marcou o início das atividades do
grupo, que existia como Comitê Impulsor em Petrolina, integrando os outros sete
comitês da Marcha, em Recife e no interior de Pernambuco.
A rede é integrada por mulheres universitárias, donas de casa, jovens e
qualquer mulher que queira fazer parte do grupo. "Atuamos nas comunidades,
associações, escolas e onde tenham mulheres que queiram adquirir informações,
conhecimento quanto ao empoderamento da Mulher Negra e ao combate à violência
contra a mulher", ressaltou Viviane Costa.
Outras informações sobre o evento podem ser obtidas através da página do evento no Facebook. (Via: G1 Petrolina)
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