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terça-feira, 29 de agosto de 2017

Petrolina: Nota do vareador Paulo Valgueiro


Paulo Valgueiro
Vereador de Petrolina pelo PMDB

Petrolina já foi contemplada com a nomeação de dois ministros, dois Fernandos, o Pai e o Filho. O que deveria se traduzir em grande conquista para a cidade e região, acabou sendo uma desilusão.

Fernando Bezerra Coelho, o pai, assumiu o Ministério da Integração e, à época, toda a cidade vibrou achando que o tempo da irrigação seria reestabelecido. Ledo engano! Para grande desgosto de seu Tio, o saudoso Osvaldo Coelho, crítico ferrenho da privatização do Projeto Pontal, além de frustrar os sonhos de milhares de famílias sertanejas, Fernando Bezerra vendeu à iniciativa privada o Projeto Pontal que poderia gerar empregos e renda para a região do Vale do São Francisco, no entanto, agora gera desilusão.

Vale aqui recordar que Osvaldo Coelho, do alto da sua sabedoria, experiência e conhecimento de causa a respeito da situação vivenciada pelo agricultor do semiárido, em carta à Presidente Dilma, indignado com a privatização do Pontal, dizia que “Tirar o Pontal dos pobres para dar a um rico é roubo.”, numa crítica feroz descrita na mesma carta, referindo-se ao fato de que o “Projeto de Irrigação Pontal, da CODEVASF, localizado em Petrolina-PE, com área irrigável de 7.641 hectares que foi entregue pelo Ministério da Integração Nacional a um grande capitalista para explorar, que nada tem com irrigação, com agricultura e tão pouco com a região semiárida, frustrando centenas de trabalhadores rurais, agrônomos, técnicos agrícolas, que esperam a 10 anos pela conclusão das obras e serem contemplados com o lote irrigado”. 

Tempos depois, Fernando Bezerra Coelho, o Filho, assume o Ministério das Minas e Energia, um Ministério que, historicamente, não tem atuação em nossa região, mas que faz renascer no sertanejo uma esperança de novos investimentos na região. Mas, para tristeza do sertanejo, o Ministro decide vender uma das nossas maiores riquezas, ao privatizar a Eletrobrás - Centrais Elétricas S.A., com implicação direta na gestão do uso sustentável das águas do Rio São Francisco, tais como navegação, abastecimento de cidades e irrigação, inclusive, podendo prejudicar, e muito, a nossa fruticultura irrigada.

O Rio São Francisco, cujas águas são geridas pela CHESF, logo não pertencerá mais ao povo sertanejo, mas aos interesses econômicos de uma empresa com os olhos voltados tão somente para a produção de energia e o lucro dela advindo, sem compromisso com o povo sertanejo, já tão castigado.

Desta feita, certamente para a tristeza do também saudoso Miguel Arraes, que tanto defendeu o nosso São Francisco e era contra a privatização da CHESF pretendida no governo de Fernando Henrique Cardoso, e que também implicaria na privatização do Rio São Francisco. O mesmo Miguel Arraes que, por ironia do destino, fundou o Partido Socialista Brasileiro (PSB), partido este que projetou tanto o Fernando Bezerra Pai quanto o Fernando Bezerra Filho no cenário da política brasileira.

E, assim, de Fernando em Fernando, assistimos os sonhos de Osvaldo Coelho e de Miguel Arraes escorrendo entre os dedos dos sertanejos, indo por água a baixo, nas correntezas do nosso Rio São Francisco.

Blog: O Povo com a Notícia