O ministro do STF (Supremo Tribunal
Federal) Luís Roberto Barroso intimou o diretor-geral da Polícia Federal,
Fernando Segovia, a confirmar as declarações de que a tendência é arquivar a
investigação sobre o presidente Michel Temer.
Em despacho, o ministro, que é relator do inquérito no Supremo, disse ter
considerado "manifestamente imprópria" a fala de Segovia, afirmando
que ela pode, em tese, "caracterizar infração administrativa e até mesmo
penal".
Barroso determinou também a Segovia que se abstenha de novas manifestações
a respeito.
Barroso faz considerações no documento claramente críticas à entrevista do
diretor da PF, publicada pela Reuters na noite desta sexta-feira (09).
O ministro ressaltou que o inquérito ainda tem várias diligências a serem
realizadas, não recebeu relatório final do delegado responsável, Cleyber Malta,
do Ministério Público, nem dele próprio -"razão pela qual não devem ser
objeto de comentários públicos".
Barroso determina ainda que o Ministério Público seja informado do
ocorrido para que "tome as providências que entender cabíveis".
Na entrevista à Reuters, Segovia disse que não há provas de crime contra o
presidente da República no inquérito que trata de um decreto para a área
portuária. Disse ainda que, se a Presidência da República acionar formalmente a
PF a propósito do tom de perguntas feitas por escrito a Temer pelo delegado que
preside o inquérito, poderá ser aberto um procedimento administrativo
disciplinar contra ele.
Para a equipe do presidente Michel Temer, Segovia errou ao ter se
antecipado e criou uma animosidade desnecessária dentro da Polícia Federal,
sobretudo com o delegado responsável pela investigação.
A avaliação no Palácio do Planalto é de que o chefe do órgão acabou
atrapalhando a condução do inquérito e que o episódio afeta a sua imagem
pública, mas não tem força suficiente para derrubá-lo do cargo neste momento.
A PGR (Procuradoria-Geral da República) informou que só se manifestará nos
autos.
Segovia chegou à diretoria-geral da PF tendo entre seus desafetos
justamente Cleyber Malta, com quem teve um desentendimento no passado.
Em nota, a PF afirmou que Segovia "responderá diretamente ao ministro
Luís Barroso na quarta-feira (14)." (Via: Folhapress)
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