No momento em que tenta
viabilizar uma candidatura à reeleição, o presidente Michel Temer prepara uma
agenda de inaugurações e anúncios até julho, prazo final permitido pela
legislação eleitoral.
O "pacote eleição", apelido dado por assessores e auxiliares
presidenciais, inclui o reajuste do Bolsa Família, a entrega de moradias
populares, a inauguração de terminais em aeroportos e a visita a um hospital já
em funcionamento.
As iniciativas têm sido reunidas pela Casa Civil, que recebeu da equipe
ministerial sugestões de eventos ou cerimônias para que o presidente participe
até a véspera da disputa presidencial.
O emedebista já admite publicamente que pretende disputar um novo mandato.
A legislação eleitoral veda a presença de candidatos a inaugurações de obras
públicas após 7 de julho, três meses antes da realização do pleito.
A ideia é que ele faça a partir de agora pelo menos uma viagem por semana
pelo país para a entrega de empreendimentos e desloque eventos ministeriais
para o Palácio do Planalto, onde ele possa assumir protagonismo.
A estratégia, além de uma tentativa de aumentar a taxa de popularidade de
apenas 6%, é construir uma narrativa de que o presidente deixou um legado para
o país e criar elementos e imagens que possam ser citados como realizações em
uma futura propaganda eleitoral.
O esforço teve início na última sexta-feira (23), quando ele viajou a
Xique-Xique, na Bahia, para inaugurar projeto de irrigação do Baixio-Irecê. O
canal já estava pronto havia quatro anos, antes de o emedebista assumir o
Planalto, só não funcionava.
Até o início de abril, Temer também anunciará um reajuste superior a 5% no
Bolsa Família, programa de transferência de renda criado pelo ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O aumento é dado após o benefício não ter tido
incremento no ano passado.
'FALCATRUAS'
— No pacote de inaugurações, está prevista também a
entrega da última estação de bombeamento do Eixo Norte da Transposição do São
Francisco. O empreendimento foi iniciado pelo governo petista e o trecho em
questão já estava mais de 80% concluído quando o presidente assumiu o Palácio
do Planalto.
Temer pretende também entregar moradias populares do Minha Casa, Minha Vida.
No ano passado, a meta era firmar 610 mil contratos, mas foram realizados
apenas cerca de 500 mil.
Na lista de anúncios até julho, há ainda centros esportivos, pavimentações
de estradas, terminais de passageiros no Acre e no Espírito Santo e visita ao Hospital
Dom Tomás, em Petrolina, que funciona desde 2016.
Temer decidiu disputar a reeleição em uma tentativa de defender a sua
biografia do que classifica como "pecha de falcatruas".
m quase dois anos no cargo, ele foi denunciado duas vezes pela PGR (Procuradoria-Geral
da República) por corrupção passiva, obstrução da Justiça e organização
criminosa. As acusações estão paralisadas por decisão da Câmara dos Deputados e
só podem ser retomadas quando ele deixar o cargo.
Temer teve recentemente seus sigilos bancário e fiscal quebrados por
determinação do STF (Supremo Tribunal Federal), no inquérito que trata de
suposto favorecimento a empresas do setor portuário, e enfrentou a prisão de
três aliados: Geddel Vieira Lima, Eduardo Cunha e Rodrigo Rocha Loures, além da
existência de acusações de corrupção que pesam contra seus principais
ministros, Moreira Franco (Secretaria-Geral) e Eliseu Padilha (Casa Civil).
PALANQUE
— Como parte da estratégia de construir a narrativa de que
deixou um legado, o presidente vai aproveitar a data em que completa dois anos
à frente do governo federal, em maio, para um evento que servirá como uma
espécie de palanque político.
A ideia é promover uma cerimônia no Palácio do Planalto, divulgar uma
campanha publicitária e apresentar um balanço das realizações. A relação do que
foi feito pelo emedebista deve ser organizada em um documento, que será
posteriormente distribuído à base aliada na tentativa de convencê-los a
defender o projeto do presidente.
Segundo pesquisa Datafolha divulgada em janeiro, Temer tem 1% das
intenções de voto. No mesmo levantamento, 6% dos entrevistados consideram o
governo ótimo ou bom e 70% o avaliam como ruim ou péssimo. (Via: Folhapress)
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