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quinta-feira, 28 de junho de 2018

Indefinição geral na política rebate no Estado de Pernambuco


A pouco mais de um mês para o início do período de registro de candidaturas (27 de julho), o grupo do governador Paulo Câmara (PSB) só tem o próprio nome confirmado como cabeça de chapa. Já o Pernambuco Vai Mudar só tem anunciada oficialmente metade da chapa, com o senador Armando Monteiro (PTB) para o governo e o deputado federal Mendonça Filho (DEM) para o Senado. Correndo por fora, a vereadora do Recife Marília Arraes (PT) lançou recentemente o deputado federal Silvio Costa (Avante) como um dos candidatos a senador, mas ainda tenta se viabilizar junto ao partido. Tal cenário muito difere do histórico das eleições majoritárias anteriores, quando após o Carnaval era praxe que as chapas, seja da base ou oposição, estivessem definidas. 

A situação no âmbito nacional é um dos fatores que contribuem para a indefinição das candidaturas nos Estados, como o fato de o mais bem colocado nas pesquisas de intenção de voto, o ex-presidente Lula (PT), estar preso. “Os governadores nordestinos ficam em compasso de espera para saber quem vão apoiar”, diz o cientista político Elton Gomes. 

No caso de Paulo Câmara, uma aliança nacional do PSB com o PT ou com o PDT tem influência direta na escolha de um dos nomes para disputar o cargo de senador ao lado do deputado federal Jarbas Vasconcelos, que é tido como praticamente certo na chapa. Em caso de acordo com os petistas, o nome será o do senador Humberto Costa (PT). Se os socialistas apoiarem Ciro Gomes (PDT), o ex-prefeito de Caruaru José Queiroz pleiteia a vaga. “Nos interessa trazer o PT para a nossa base. Foram feitos gestos vários nessa direção, e eu penso que está no tempo de resolução”, disse o líder do PSB na Câmara, o deputado federal Tadeu Alencar. Ele acredita que, após a Copa do Mundo, os cenários serão melhor definidos. “Até porque daqui a pouco nós vamos estar no prazo formal de campanha, e você só entra em uma boa campanha se tiver se preparado para isso e com a definição daqueles que vão disputar a chapa majoritária”, contou. 

Mas outras variáveis também entram nessa conta, como as novas regras aprovadas na reforma eleitoral de 2015, que serão aplicadas pela primeira vez nas eleições estaduais. A reforma reduziu pela metade o tempo de campanha, que era de 90 dias, para 45 dias. 

Presidentes de partidos aliados de Paulo Câmara, os deputados federais Luciana Santos, à frente do PCdoB, e Eduardo da Fonte, que comanda o PP em Pernambuco, defendem que a indefinição não atrapalha o socialista. “Tem coisas que dependem mais da construção política do que da proximidade ou não das convenções”, justifica a comunista sobre a espera para a escolha dos pré-candidatos, prevista pelo governador para julho. “É natural”, afirma o pepista.

Os dois discordam, porém, sobre os efeitos da redução do tempo de campanha. “As campanhas mais curtas atrapalham muito o debate de ideias, o convencimento”, argumenta Luciana Santos. O PCdoB, que também integra as discussões nacionais dos partidos de centro-esquerda, incluindo o PSB, também tem interesse em ocupar uma das vagas ao senado. “Noventa dias de campanha traz prejuízos para o setor produtivo do País. Em outros países, as campanhas são curtas”, diz o deputado federal Eduardo da Fonte (PP). 

Já a frente das oposições agregou recentemente a família Ferreira ao seu grupo, mas não fez o anúncio do deputado estadual André Ferreira como o outro candidato a senador, ainda. A vaga de vice também está em aberto, que em tese deve ser ocupada por algum nome do PSDB. A oposição tenta ainda atrair outros partidos, como o Solidariedade.

No caso do grupo, para Armando Monteiro, a indefinição não vem de questões nacionais. “Em relação ao palanque adversário, é notório que sim”, pontua o petebista. “O nosso processo é em relação a movimentos da política local, que podem aconselhar a gente fechar ou não fechar a chapa”.

Para o pré-candidato ao governo na frente Pernambuco Vai Mudar, o eleitor ainda não está envolvido com o processo eleitoral. “É hora do planejamento, das articulações políticas do que se pretende fazer”, afirma o senador.

Segundo Elton Gomes, a cautela em anunciar as chapas também trata-se de uma estratégia dos partidos para evitar desgaste político. “Quanto antes você anuncia o candidato, mais o adversário se apressa em desconstruir a imagem dele. É como se você estivesse um jogo de carteado deixando para baixá-las muito perto da partida se encerrar, para saber se você tem condições de bater ou não”, pontuou.

Blog: O Povo com a Notícia