O presidente eleito, Jair
Bolsonaro (PSL), vai oferecer ao juiz Sergio Moro uma versão turbinada do
Ministério da Justiça. A pasta vai somar as estruturas da Justiça, Segurança
Pública, Transparência e Controladoria-Geral da União e o Coaf (Conselho de
Controle de Atividades Financeiras), este último hoje ligado ao ministério da
Fazenda.
O convite será feito pessoalmente na manhã de quinta-feira (1º), na
residência de Bolsonaro, no Rio de Janeiro. O juiz responsável pelos processos
da Operação Lava Jato na primeira instância do Paraná visitará o presidente
eleito.
Ao remodelar o ministério, Bolsonaro pretende reforçar seu discurso de
segurança pública e de combate à corrupção. Por sua atuação judicial, Moro é
visto como linha-dura. Partiram dele decisões que levaram à cadeia figuras
importantes da política e do meio empresarial, como Marcelo Odebrecht, o
ex-presidente Lula e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ).
No caso do petista, o magistrado condenou o ex-presidente no caso do
tríplex do Guarujá, em julho de 2017. A decisão foi confirmada em segunda
instância, levando à prisão de Lula em abril deste ano.
Por seus julgamentos, Moro passou a ser tratado como herói em manifestações
antipetistas, por exemplo. Por outro lado, defensores do PT o acusam de ser
parcial.
Em entrevista a emissoras de televisão, um dia depois de ser eleito,
Bolsonaro disse que gostaria de ter Moro à frente da Justiça ou do STF (Supremo
Tribunal Federal) -é o presidente que indica os membros da corte, o que é
seguido por uma confirmação pelo Senado.
No Supremo, uma vaga só abriria, no atual cenário, em 2020, com a
aposentadoria compulsória do ministro Celso de Mello, membro mais antigo do
tribunal, que completará 75 anos daqui a dois anos.
Em resposta às declarações de Bolsonaro à imprensa, o juiz se disse
honrado por ter sido lembrado. "Caso efetivado oportunamente o convite,
será objeto de ponderada discussão e reflexão", disse o magistrado.
Nesta semana, após a eleição, Moro parabenizou Bolsonaro, ainda que sem
citá-lo nominalmente, e desejou que ele faça "um bom governo" e
resgate a confiança da sociedade brasileira nos políticos.
Sua mulher, a advogada Rosângela Wolff Moro, também se manifestou
favoravelmente à eleição do capitão reformado, nas redes sociais, e disse
"não ter medo da mudança".
Se confirmada, a ida de Moro para o governo terá um quê de superação de um
episódio ocorrido em março do ano passado. O juiz atendia admiradores no
aeroporto de Brasília quando vou avistado por Bolsonaro, que o abordou
prestando continência e exclamando: "doutor Moro!".
O juiz falou um "tudo bem?", deu um leve sorriso e saiu,
enquanto o deputado colocava a mão em seu ombro. Só restou ao político
acompanhar com o olhar o magistrado partir. O parlamentar foi alvo de piadas
pelo ocorrido. "Quero crer que ele não me reconheceu", disse
Bolsonaro à Folha à época. "Ele que tem que responder [sobre a reação],
até porque eu sou uma pessoa que sempre tratei com dignidade todo mundo."
Moro então ligou para pedir desculpas e disse que não teve a intenção de
ofender o parlamentar, mas também não queria que o episódio fosse
"explorado politicamente". (Via: Folhapress)
Blog: O Povo com a Notícia