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domingo, 25 de agosto de 2019

Palocci diz que usou dinheiro da ‘conta’ Lula de R$ 15 milhões para pagar passeio de Dilma


Antonio Palocci afirmou à Polícia Federal em sua delação premiada que usou R$ 250 mil da “conta” Lula de R$ 15 milhões acertada com o dono do BTG Pactual André Esteves para pagar despesas da viagem de descanso da ex-presidente Dilma Rousseff, para a Bahia, após sua vitória nas eleições em 2010.

Eleita no segundo turno sucessora de Lula, Dilma viajou no dia 3 de novembro para uma praia paradisíaca em Itacaré, na Bahia, onde ficou na mansão alugada do empresário paulista João Paiva Neto. Palocci diz que pagou o jato e outros custos como a locação do imóvel com o dinheiro acertado com Esteves.


“O colaborador usou parte desses recursos, cerca de R$ 250 mil, para arcar com despesas da viagem de descanso que Dilma Rousseff fez após vencer a eleição em 2010”, registra o termo de delação 9 de Palocci, anexados nos autos da Operação Pentiti, a fase 64 da Lava Jato deflagrada nesta sexta, 23.

A Pentiti apura supostos crimes de corrupção envolvendo o BTG Pactual e a Petrobrás na exploração do pré-sal e ‘em projeto de desinvestimento de ativos’ na África. Entre os alvos da operação estão a ex-presidente da estatal, Graça Foster, e André Esteves. De acordo com a PF, os supostos crimes podem ter causado prejuízo de ao menos US$ 1,5 bilhão, o que equivaleria a cerca de R$ 6 bilhões de reais hoje.

Há um termo específico sobre os detalhes dessa viagem, mas Palocci narrou no termo 9 em que trata dos acertos com André Esteves envolvendo negócios do BTG Pactual com a Petrobrás na África o fato. Nele o delator narrou que na campanha de 2010 o banqueiro queria estreitar relações com Dilma e prometeu dar R$ 15 milhões em favor de Lula e para uso na campanha.

“Dilma Rousseff foi informada das intenções de André Esteves expostas a Antonio Palocci e do apoio financeiro por ele prometido e efetivamente dado, inclusive quanto a seu emprego para quitação dos custos com a viagem da então presidente eleita”.


Palocci assumiu responsabilidade sobre a destinação dos recursos acertados com Esteves para patrocinar a viagem de descanso de Dilma.

Levantamento

A Polícia Federal buscou elementos para comprovar o que dizia Palocci em sua delação. O acordo fechado com a PF em 2018 e homologado no Tribunal Regional da 4.ª Região (TRF-4) – a segunda instância da Lava Jato – pelo desembargador João Pedro Gebran Neto.

A Informação de Polícia Judiciária 102/2018, entregue ao delegado Filipe Hille Pace, registra recortes de notícias sobre a viagem de Dilma à Bahia, após a eleição, dados sobre aeronave e os gastos com o passeio – que segundo informaram à época teria sido custeada pelo ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos (que morreu em 2014).

“De acordo com os relatos do criminoso colaborador Antônio Palocci Filho formalizados junto aos termos de colaboração premiada, em síntese apertada, o mesmo sustenta a hipótese de que a pessoa de André Santos Esteves seria o responsável por administrar recursos ocultos da pessoa de Luiz Inácio Lula da Silva, com o auxílio da estrutura financeira do banco BTG Pactual”, informa o documento.

“Tendo, inclusive, tais recursos ilícitos sido utilizados para pagamento de custos da campanha presidencial de 2010 da pessoa de Dilma Vana Rousseff, bem como sua viagem de descanso para Itacaré/BA após o pleito eleitoral.”

Segundo Palocci afirma na delação, pelo menos R$ 5 milhões dos R$ 15 milhões acertados foram usados para custear restos dos gastos da campanha presidencial, como pagamentos para agência de publicidade e a viagem de descanso. O dinheiro foi sacado pelo seu ex-braço direito Branislav Kontic, em diversas visitas que fez ao banco. (Via: Estado de S.Paulo)

Blog: O Povo com a Notícia