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O arsenal apreendido pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) dentro de um carro, na Rodovia Presidente Dutra, na altura de Seropédica, na Baixada Fluminense, na madrugada desta quinta-feira, está avaliado em mais de R$ 3 milhões, informou a corporação. Foram encontrados 22 fuzis de origem estrangeira – 21 de calibre 556 e outro de calibre 762, com uma mira telescópica -, 21 pistolas, todas com mira a laser, e pelo menos 300 quilos de maconha que saíram do Paraguai e iriam ser entregues na Vila dos Pinheiros, no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio.
Dois
homens foram presos. Um deles dirigia o carro onde estavam às armas e as drogas
e o outro dirigia um veículo que seguia na frente – era o batedor, responsável
por avisar sobre possíveis fiscalizações.
Os
presos – que não tiveram os nomes revelados – confessaram que entregariam as
armas e a droga na Vila dos Pinheiros, informou a PRF. Eles e o material
apreendido foram levados para a Polícia Federal.
Arsenal moderno
O
instrutor de tiro e militar da reserva Rildo Anjos destacou que o arsenal
apreendido é moderno. Segundo ele, o uso de mira a laser é proibido pela
legislação brasileira. O recurso ajuda a identificar o alvo, mas também entrega
a posição do atirador. Em relação a fuzis equipados com luneta, Rildo diz que o
equipamento não aumenta a letalidade da arma, mas potencializa a capacidade de
acerto do disparo.
– Ele
faz com que o tiro seja eficaz. Faz com que o atirador tenha um alvo letal
mesmo com uma distância entre 600 e 800 metros. Vai multiplicando (a imagem)
até bem perto do rosto (de quem está atirando).
Rildo
fez uma ressalva de que é preciso saber usar o equipamento:
– Não
adianta entregar na mão de quem não sabe atirar.
Segundo
ele, pelas imagens da apreensão, o fuzil que está com a luneta é de precisão e
parece ser próprio para a snipers do tipo tiro a tiro (de repetição). Já as
pistolas parecem ser, de acordo com Rildo, de fabricação mexicana.
Críticas à decisão
Para
o especialista em armas Vinícius Cavalcante, a apreensão desta quinta-feira
mostra que os traficantes usaram o período de pandemia para se capitalizarem.
Atualmente, o toque de recolher imposto pelos bandidos comunidades já teria
acabado e eles estariam se aproveitando da decisão do Supremo Tribunal Federal
(STF) de restringir operações policiais em comunidades do Rio:
– O
Supremo pode ter dado essa decisão na melhor das intenções. Mas garantiu aos
criminosos um santuário.
O
antropólogo e especialista em segurança pública Paulo Storani é da mesma
opinião:
– O
tráfico continua funcionando normalmente. Mesmo com toda a relevância dessa
decisão do STF, ela permite o fortalecimento das quadrilhas.
Ele
citou ainda uma falta de política de segurança pública que consiga acabar com a
entrada de armas do Paraguai no Brasil.
–
Essa é uma das grandes rotas, disse Storani.
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