Praticamente metade das obras para a garantia de segurança hídrica no País já está em andamento. A conclusão foi apresentada no primeiro boletim de monitoramento do Plano Nacional de Segurança Hídrica (PNSH), elaborado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) e pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).
O plano é que 99 empreendimentos de
sistemas adutores, canais e barragens em todo o Brasil sejam concluídos até
2035, com investimento superior a R$ 27 bilhões, para garantir o abastecimento
de água ao maior número possível de brasileiros. Além do que está em andamento,
49% das outras obras estão na fase de planejamento, projeto e licitação.
“Água é um direito da população. Essas são intervenções importantíssimas
para que a gente consiga oferecer esse recurso em quantidade e com qualidade
tanto para consumo humano quanto para atividades produtivas”, aponta o ministro
do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.
Desde 2019, o MDR já investiu quase R$ 2,8 bilhões em obras para ampliar
a oferta de água no País. Somente este ano foram alocados R$ 695 milhões até o
último mês de junho nas obras previstas na Secretaria Nacional de Segurança
Hídrica (SNSH).
Sérgio Ayrimoraes, superintendente da ANA, explica que o plano é voltado
para garantia da oferta de água, tanto para o abastecimento da população quanto
para as atividades produtivas em todo o país. Ele conta que foi traçado um
caminho para se chegar a essa segurança hídrica e o início do trabalho para
trilhar esse percurso foi analisar as obras que estavam em andamento,
identificar projetos que precisavam virar obras e demandar estudos preliminares
necessários para emplacar quais empreendimentos seriam iniciados.
“Boa parte das obras recomendadas, com intervenções mais adiantadas,
estão em execução. Dentre elas destaca-se o próprio Projeto de Integração do São
Francisco, que conta com uma série de obras complementares. E esse levantamento
queria buscar o estágio de execução dessas obras”, relata o superintendente.
Lançado em abril de 2019, o PNSH aborda a segurança hídrica em quatro
dimensões. As dimensões humana e econômica permitem quantificar os déficits de
atendimento às demandas efetivas (abastecimento humano e setor produtivo) e
riscos associados, enquanto as dimensões ecossistêmica e de resiliência
possibilitam identificar as áreas mais críticas e vulneráveis. Justamente por
isso o Nordeste, que historicamente apresenta maior déficit hídrico, concentra
boa parte dos empreendimentos.
Um dos destaques são os Eixos Norte e Leste do Projeto de Integração do
São Francisco e outros empreendimentos estruturantes, como o Ramal do Agreste e
a Adutora do Agreste, em Pernambuco; Canal do Sertão Alagoano; Cinturão das
Águas do Ceará; e o canal Vertente Litorânea, na Paraíba.
O Ramal do Agreste será responsável por levar a água do Rio São
Francisco para atender o agreste pernambucano, uma das áreas com maior déficit
hídrico do país. As obras, que são executadas pelo MDR, estão 60% concluídas.
Segundo Fernandha Batista, secretária de Infraestrutura e Recursos
Hídricos de Pernambuco, o estado investiu cerca de R$ 700 milhões no setor, mas
acentua que os recursos do governo federal são de extrema importância para que
seja possível garantir essa segurança hídrica a milhões de pernambucanos.
“A obra é separada em duas etapas e, quando concluídas, vão levar água,
de fato, do Rio São Francisco para 68 municípios, beneficiando dois milhões de
habitantes. Hoje eles contam com sistema de abastecimento que depende dos
reservatórios. Se não chover, não há água, ou seja, não há segurança hídrica”,
relata.
O primeiro desembolso da obra ocorreu em 2013 e já há avanços no
primeiro trecho, com bons reflexos para a comunidade mais próxima. “A primeira
parte da adutora, que vai atender 23 dos 68 municípios, já consegue levar água
a sete cidades no momento. Faltam R$ 300 milhões para concluir essa primeira
etapa e, até agora, já foram investidos cerca de R$ 1 bilhão”, destaca.
Fernandha explica que a expectativa é de que essa primeira etapa seja concluída em 2021 e o investimento para a segunda e última parte da obra deve constar na Lei Orlamentária Anual de 2022.
Outros estados – Apesar de o Nordeste apresentar obras de
destaque, o aporte de recursos do MDR também alcança outras regiões. No
Centro-Oeste, o Sistema Adutor Corumbá IV está sendo construído para reforçar o
abastecimento de água no Distrito Federal e nas cidades goianas que compõem o
Entorno Sul da capital do País. Em 2019, foram destinados R$ 10,9 milhões para
o empreendimento, que atingiu 71% de execução.
Outro
exemplo, já no Sul do País, é a ampliação do Sistema Adutor de Pelotas, no Rio
Grande do Sul. A estrutura que aumentará a capacidade de fornecimento de água
para o município também conta com recursos da União, com R$ 45 milhões, no
total. Em 2019, foram repassados pouco mais de R$ 4 milhões para as obras.
Maiores destaques
Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São
Francisco (CE, PB, PE e RN) – O Projeto de Integração do Rio São Francisco com
as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (PISF) é um empreendimento de
importância regional executado diretamente pelo MDR. Com captação no Rio São
Francisco, por meio de dois canais denominados Eixo Norte e Eixo Leste, o PISF
beneficiará os estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. O
Eixo Leste entrou em pré-operação em 2017. O Eixo Norte, em execução, é o maior
empreendimento plenamente habilitado no PNSH. A partir da captação no rio São
Francisco, próximo à cidade de Cabrobó (PE), o Eixo Norte do PISF conduz água
aos rios Salgado e Jaguaribe, no Ceará; Apodi, no Rio Grande do Norte; e
Piranhas-Açu, na Paraíba e Rio Grande do Norte.
O
Eixo Norte atingiu 97,4% de execução, correspondendo à evolução dos projetos
executivos, das obras civis, das instalações eletromecânicas e ações
ambientais. Em 2019, o investimento neste empreendimento foi de R$ 360 milhões.
Blog: O Povo com a Notícia
Ramal do Agreste Pernambucano – O Ramal do Agreste Pernambucano é um sistema que
conecta o Eixo Leste do PISF à Adutora do Agreste Pernambucano. Possui cerca de
70,8 km de extensão e é composto, principalmente, por 43,4 km de canais, 16 km
de túneis, 1,8 km de aquedutos, uma estação de bombeamento, uma adutora de
aproximadamente 7,2 km de extensão e duas barragens.
O sistema adutor vai beneficiar
mais de 2 milhões de pessoas, em 68 municípios, como Caruaru, Santa Cruz do
Capibaribe, Belo Jardim e Arcoverde.
Sistema Adutor Corumbá IV (DF) – O Sistema Adutor Corumbá IV, que recebeu quase
R$ 11 milhões de repasses em 2019, objetiva reforçar o abastecimento humano no
Distrito Federal e nas cidades goianas do seu entorno sul do DF. Dessa forma, é
realizado pela parceria entre o Estado de Goiás e o Distrito Federal, bem como
suas companhias de saneamento (Saneago e a Caesb), com o apoio da União.
Após
sua conclusão, a região beneficiada receberá um incremento hídrico em seu
abastecimento público de água de 2,8 m³/s em sua primeira etapa, sendo cerca de
1,2 m³/s de água para o Distrito Federal e cerca de 1,6 m³/s para Goiás.
Sistema Adutor Italuís II (MA) – O Sistema Adutor Italuís é o principal
responsável pelo abastecimento de São Luís, no Maranhão. O empreendimento
implica na recuperação e relocação da adutora Italuís, resultando em uma
ampliação da disponibilidade hídrica da ordem de 30%. Além disso, contempla a
recuperação da Barragem do Batatã e da Estação de Tratamento de Água Sacavém e
ampliação da rede de distribuição na Bacia do Bacanga.
Em
2019, registrou-se 100% da execução da recuperação da adutora Italuís, com a
substituição e recolocação de 19 km de adutora com diâmetro nominal de 1.400
mm, que irá beneficiar aproximadamente 67 mil famílias.