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domingo, 30 de maio de 2021

De olho em governos locais em 2022, lava-jatistas terão eleição decisiva

Eles disputaram uma eleição pela primeira vez em 2018 e saíram vitoriosos na onda antipolítica e de apoio à Operação Lava Jato que derrotou políticos tradicionais nos estados.

Três anos após o sucesso nas urnas, políticos que se classificam como adeptos da "nova política" preparam-se para concorrer a novas eleições em 2022. Na disputa por governos estaduais, colocarão à prova o capital político conquistado.

Dos nove senadores eleitos pela primeira vez para um cargo eletivo em 2018, ao menos cinco planejam voos mais altos em seus respectivos estados. Dois deles são do campo bolsonarista: Eduardo Girão (Podemos), do Ceará, e Soraya Thronicke (PSL), de Mato Grosso do Sul.

Empresário dos ramos de hotelaria e segurança privada, Eduardo Girão disputou sua primeira eleição em 2018 e conseguiu desbancar o senador Eunício Oliveira (MDB), que tentava a reeleição.

Ao longo dos últimos três anos, conseguiu se consolidar como um dos protagonistas da oposição no Ceará, assumindo o lugar de partidos como o MDB e o PSDB, que se aproximaram do governador Camilo Santana (PT).

Nas últimas semanas, Girão ganhou os holofotes nacionalmente na CPI da Covid, onde atua em defesa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Na comissão, fustiga seus principais adversários locais: o governador petista e o ex-prefeito de Fortaleza e provável candidato ao governo Roberto Cláudio (PDT). Sua principal bandeira é o combate à corrupção.

Para consolidar-se como candidato ao governo, Girão trabalha para construir um grupo político forte no Ceará. Em 2020, a oposição teve bom desempenho nos grandes centros urbanos e venceu em três das cinco maiores cidades do Ceará.

O desafio agora é avançar sobre os municípios de menor porte e também superar a rejeição que o aliado Jair Bolsonaro tem no Nordeste.

Outro nome do campo conservador é o da senadora Soraya Thronicke (PSL), que deve concorrer ao Governo de Mato Grosso do Sul. Advogada e empresária, ela ficou conhecida por atuar em movimentos de rua contra o PT e chegou ao Senado em 2018 na onda bolsonarista.

Para 2022, ela pretende disputar o governo amparada no mesmo discurso anticorrupção que alavancou sua candidatura há três anos. Tem conversado com partidos pequenos e dificilmente terá o apoio dos principais caciques locais.

"Diferentemente dos coronéis da política, eu não tenho curral eleitoral. Desde o início, meu foco é o bem-estar da sociedade", diz a senadora.

Ela afirma que, desta vez, terá como diferencial uma maior estrutura do PSL, que elegeu a segunda maior bancada no Congresso em 2018 e, por isso, terá mais tempo no horário eleitoral obrigatório na televisão e no rádio e verba para financiar as campanhas.

A eleição em Mato Grosso do Sul deve se dividir em três polos: além da senadora Soraya Thronicke, devem disputar o governo Eduardo Riedel (PSDB), candidato do governador tucano Reinaldo Azambuja, e a senadora a Simone Tebet (MDB).

No Rio Grande do Norte, o senador Styvenson Valentim (Podemos), que afirma ter postura independente em relação ao governo Jair Bolsonaro, também é um potencial candidato ao governo de seu estado.

Policial militar, ele era coordenador das blitze da Lei Seca e ganhou popularidade com vídeos nas redes sociais. Foi eleito para o Senado em 2018 derrotando políticos tradicionais do estado, como o ex-senador Garibaldi Alves (MDB).

À Folha ele diz que ainda não decidiu se será candidato ao governo do estado. "Estou nas mãos de Deus e do povo, não tenho controle sobre o meu futuro", afirma.

Caso entre na disputa, diz que abrirá mão do tempo de televisão e recursos do fundo eleitoral, concentrando sua campanha nas redes sociais. Terá como bandeiras a segurança e a redução de gastos da máquina pública.

No Rio Grande do Norte, Styvenson ainda padece de um isolamento das demais forças políticas de seu estado. Não é aliado da governadora Fátima Bezerra (PT), mas também não tem bom trânsito entre nomes da oposição como os ministros Rogério Marinho (sem partido) e Fábio Faria (PSD).

"Quem quiser conversar, estou aberto. Mas sinto que eles têm um pouco de receio de falar comigo porque gravo e filmo todas as conversas", diz o senador, que mesmo após três anos de mandato afirma não se considerar um político.

No campo de oposição a Bolsonaro, Alessandro Vieira (Cidadania), de Sergipe, e Fabiano Contarato (Rede), do Espírito Santo, destacam-se como potenciais candidatos ao governo.

Ambos eram delegados da Polícia Civil antes de chegar ao Senado e têm ganhado notoriedade na CPI da Covid. Apesar do perfil parecido, têm caminhos ideológicos distintos.

Contarato foi um apoiador da Lava Jato, mas hoje tem fortes críticas à operação. No início do mês, reuniu-se em Brasília com o ex-presidente Lula, que o convidou para se filiar ao PT e disputar o Governo do Espírito Santo.

Vieira, por outro lado, tem perfil mais conservador. É entusiasta da Lava Jato e criticou a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que considerou que o ex-juiz Sergio Moro agiu com parcialidade em processo contra Lula.

No Senado, defendeu a instalação de uma comissão de inquérito para investigar os tribunais superiores, a chamada CPI da Lava Toga. Em 2022, caso seja candidato ao governo, deve entrar na campanha em Sergipe com críticas à política do compadrio e com o lema anticorrupção.

Também há potenciais candidatos ao Senado entre os neófitos de 2018, caso da deputada estadual por São Paulo Janaina Paschoal (PSL), coautora do pedido de impeachment de Dilma Rousseff (PT).

Eleita em 2018 com 2 milhões de votos, maior votação de um deputado na história do país, ela disputa internamente no PSL para concorrer à única vaga em disputa para o Senado no próximo ano.

Outro nome é o do próprio vice-presidente general Hamilton Mourão (PRTB), que cogita concorrer ao Senado pelo Rio Grande do Sul.

Na avaliação da cientista política Priscila Lapa, professora da Universidade Federal de Pernambuco, a eleição de 2022 será uma espécie de divisor de águas para os eleitos na onda de 2018.

"Se quiserem ter sucesso, terão que mostrar serviço. Desta vez, eles não serão uma aposta de mudança. Os eleitores terão como comparar seus desempenhos no mandato e avaliar se atenderam às expectativas", afirma.

A professora afirma ainda que, assim como nas eleições municipais de 2020, os eleitores devem apostar em candidatos de perfil mais experiente, um reflexo do momento de pandemia, em que a capacidade de gestão ganhou peso.

Segundo Priscila, pesquisas mostram que o eleitor está preocupado com o futuro e busca uma opção segura. "Quem não mostrar um pouco mais de substância pode ficar para trás."

O colunista está em férias . (Via: Folahpress)

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