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sábado, 26 de fevereiro de 2022

Especialista alerta que alto número de mortes impede que Covid-19 se torne endemia

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou na última terça-feira (22) que a pasta pode reclassificar a covid-19 de pandemia para endemia em breve. Tal afirmação veio sem especificação de critério e de quando a medida deve entrar em vigor.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a pandemia é uma doença de nível mundial, que já se disseminou em diversos países e continentes. Já a endemia é recorrente em uma só região, sem um aumento significativo no número de casos, permitindo que a população conviva com ela. Segundo o Ig, um bom exemplo desse tipo de doença no Brasil é a dengue.

Se confirmada, a decisão do ministro pode ser um equívoco, segundo avaliação do Dr. Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

"Uma doença deixa de ser pandêmica quando você tem, não o desaparecimento, mas uma letalidade muito baixa, seja pela vacina, pela mudança no vírus ou por ter infectado muita gente. Nenhuma doença com 800 mortes por dia pode ser cogitada como endêmica - e é isso que o Brasil registra diariamente", explicou ao Ig.

O especialista aponta também que essas reclassificações devem ser feitas pela OMS, e não por cada país, isoladamente, como o ministro deu a entender. "[Um país] Pode classificar [uma doença] como emergência de saúde ou não, mas quem declara a pandemia ou suspende a pandemia é a OMS, ou somente ela", completou.

O ministro Queiroga afirmou que a reclassificação vai depender de fatores epidemiológicos, mas não especificou quais, dizendo se tratar de uma "tendecia mundial". A fala ocorreu logo após o Reino Unido anunciar o fim das restrições sanitárias.

De acordo com o Dr. Kfouri, alguns países que já passaram pelo ápice de Ômicron, de fato, abandonaram algumas medidas, e estão vivendo uma "lua de mel" - "um período como o que a gente viveu no final do ano", o que ainda não pode ser considerado um precedente, dado o caráter imprevísivel do vírus.

"Temos meia dúzia de países que passaram pela Ômicron e estão vivendo uma 'lua de mel', um período como o que vivemos no final do ano. Só que existe o fator imprevisibilidade. Do mesmo jeito que surgiu a Ômicron, pode surgir outra, e a gente voltar ao mesmo estágio que estamos hoje, ou até pior", ponderou.

"A expectativa, ou o desejo é esse, mas estamos longe de ter indicadores nesse sentido, de que nao vamos ter mais variantes, que pandeima acabou ou que essa será a última onda. É muito mais um desejo do que uma evidência embutida nesse discurso", destacou.

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