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quinta-feira, 31 de março de 2022

Bolsonaro defende ditadura e manda ministros do STF calarem a boca

Em tom eleitoral em cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro (PL) atacou nesta quinta-feira (31) ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). Sem citá-los nominalmente, mandou calarem a boca e botarem a toga.

Defendeu ainda a ditadura militar, que faz nesta quinta-feira (31) 58 anos, e o deputado federal Daniel Silveira (PL-RJ), que estava na plateia. Há uma determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF, para que coloque tornozeleira, o que ainda não ocorreu.

"E nós aqui temos tudo para sermos uma grande nação. Temos tudo, o que falta? Que alguns poucos não nos atrapalhem. Se não tem ideias, cala a boca. Bota a tua toga e fica aí. Não vem encher o saco dos outros", disse, em referência a ministros do STF, que usam toga.

Em outro trecho do discurso, Bolsonaro falou de "inimigos que habitam a região [da praça] dos Três Poderes", sem citar diretamente ninguém. Desde o início do mandato, o presidente tem atacado sistematicamente o Judiciário, em especial o Supremo.

Sem citar nominalmente a ministra Rosa Weber, do Supremo, que decidiu não arquivar a investigação da compra da Covaxin, criticou-a. "A PF diz que não tenho nada a ver com a vacina que não foi comprada, mas uma ministra [diz] ‘não, não vou arquivar’. Isso é passível de detenção do presidente. O que essas pessoas querem? O que têm na cabeça?".

O chefe do Executivo mencionou, duas vezes, o seu aliado Daniel Silveira (União Brasil). O ministro Alexandre de Moraes determinou que ele coloque a tornozeleira às 15h desta quinta.

"Não pode conselheiros o tempo todo [dizerem], "calma, espera o momento oportuno". Calma é o cacete, pô", disse o presidente exaltado. "É muito fácil falar ‘Daniel Silveira, cuida da tua vida. Não vou falar isso. Fui deputado por 28 anos. E lá dentro daquela Casa, com todos os possíveis defeitos, ali é a essência da democracia também", afirmou.

No outro momento em que falou do parlamentar, foi no começo do discurso, em meio a uma defesa da ditadura militar. Em 2018, ele ganhou eleição defende repetidas vezes o golpe e exaltando seus presidentes. Recentemente, voltou à temática.

"[Na ditadura] Todos aqui tinham direito, deputado Daniel Silveira, de ir e vir, e sair do Brasil, trabalhar, constituir família, de estudar", afirmou.

O regime enaltecido por Bolsonaro teve uma estrutura dedicada a tortura, mortes e desaparecimento.

Os números da repressão são pouco precisos, uma vez que a ditadura nunca reconheceu esses episódios. Auditorias da Justiça Militar receberam 6.016 denúncias de tortura. Estimativas feitas depois apontam para 20 mil casos.

Presos relataram terem sido pendurados em paus de arara, submetidos a choques elétricos, estrangulamento, tentativas de afogamento, golpes com palmatória, socos, pontapés e outras agressões. Em alguns casos, a sessão de tortura levava à morte.

O presidente também voltou a dizer que Castello Branco chegou à Presidência, em abril de 1964, pelo Congresso, sugerindo que a eleição ocorreu dentro da normalidade.

A cerimônia de despedida de ministros nesta quinta-feira (31) também foi marcada por ataques ao PT e a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), menções a Deus, oração a lembrança de que "ministro veste azul e menina veste rosa". (Via: Folhapress)

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