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quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Saiba como Bolsonaro e Lula pretendem tratar o último debate antes da eleição

ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), os dois candidatos que lideram as pesquisas de intenção de voto, voltarão a se enfrentar no debate da TV Globo nesta quinta-feira (29) — o último antes do primeiro turno das eleições.

O debate, previsto para as 22h30, poderá ser decisivo para os dois. A campanha do petista vê o evento como uma oportunidade para atrair votos úteis e indecisos e liquidar a fatura já no primeiro turno, enquanto a equipe do chefe do Executivo enxerga nele a possibilidade de ganhar uma sobrevida na corrida eleitoral.

Na pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira passada (22), Lula liderava com 50% dos votos válidos, contra 35% de Bolsonaro —margem de erro de dois pontos percentuais. No levantamento do Ipec de segunda (26), o petista tinha 52% dos votos válidos e o presidente, 34%. Um candidato precisa superar os 50% nessa métrica para vencer em primeiro turno.

"Lula tem chance de ganhar eleição no primeiro turno e vai com esse sentimento para o debate", diz o deputado José Guimarães (PT-CE), um dos coordenadores da campanha do petista.

Lula reservou dois dias para se preparar — ele não teve compromissos públicos na quarta (28) e não estão previstas atividades na quinta (29).

O petista, no entanto, minimizou a importância do evento para as mudanças nas eleições e afirmou em entrevista à rádio Itatiaia, de Minas Gerais, na terça (27), que "não tem debate que vire o jogo". "Não é possível", disse.

Esse será o segundo debate que o ex-presidente participa. Ele se ausentou do evento promovido no SBT no último sábado (24), para participar de dois comícios em São Paulo: um no Grajaú, zona sul, e outro em Itaquera, zona leste.

No primeiro, organizado no final de agosto em pool por Folha, UOL e TVs Bandeirantes e Cultura, Lula teve seu desempenho criticado, principalmente por não responder diretamente a questionamentos de Bolsonaro sobre corrupção.

Desta vez, segundo aliados do ex-presidente, Lula se concentrou para o debate, dedicando-se aos preparativos com um grupo de colaboradores.

A equipe do petista lembra que o ex-presidente tergiversou sobre a ida ao debate anterior do qual participou e, por isso, não se organizou o tanto que deveria para as respostas. Os preparativos foram feitos em meio à comemoração do aniversário de sua esposa.

Para o debate desta quinta, a orientação é que Lula seja incisivo em resposta aos ataques que receba.

A expectativa é que Bolsonaro seja mais agressivo e provocador. Um aliado do ex-presidente diz ainda que é esperado que o candidato Padre Kelmon (PTB), substituto do bolsonarista Roberto Jefferson (PTB) na corrida eleitoral, faça dobradinhas com o presidente, como fez no SBT.

É preciso que Lula seja pontual, marque posição e evite erros, segundo aliados. E se esforce para dialogar com o eleitor, especialmente da classe média, público da emissora.

A ideia é que se mostre agregador, a exemplo do discurso do evento com artistas e figuras públicas realizado na segunda (26), que defenda um pacto contra a fome e pela reunificação do país.

Com a campanha de Bolsonaro pressionada pelo bom desempenho de Lula nas pesquisas, aliados do presidente avaliam que o debate presidencial da TV Globo é a oportunidade para que o mandatário esboce reação e garanta vaga no segundo turno.

A estratégia de Bolsonaro deve ser a mesma dos últimos confrontos: explorar o máximo possível a pauta da corrupção contra Lula. O diagnóstico é que o petista não conseguiu uma boa resposta a esses questionamentos no primeiro debate.

Além disso, o chefe do Executivo foi aconselhado a intensificar ataques contra o ex-presidente na reta final, com o objetivo de conter a estratégia da campanha petista de investir no chamado voto útil.

Nesse sentido, aliados apontam que o debate da Globo é uma espécie de última chance para enfrentar diretamente Lula e causar estrago na imagem do petista.

Para esta quinta, Bolsonaro desistiu de uma agenda que faria em Minas Gerais e deve passar o dia no Rio se preparando. No final de agosto, o presidente debochou da preparação para aquele debate e publicou nas redes sociais uma foto em que estava assistindo a um jogo de futebol.

Desta vez, o tempo de preparo para a transmissão da Globo tem sido levado a sério por assessores. Integrantes da equipe de marketing trabalham em frases de efeito e tópicos importantes para ele focar.

Na campanha do presidente, o debate do último sábado (24) foi visto como uma espécie de treino para o enfrentamento da Globo.

Na semana anterior, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, destacou a importância do tema para a campanha. "É uma oportunidade para ele [Bolsonaro] falar fora da bolha, para as pessoas que muitas vezes só veem notícias negativas", disse à Folha.

Uma estratégia de Bolsonaro que ficou explícita no confronto entre presidenciáveis do último sábado e que deve se repetir na Globo é fazer um discurso voltado aos mais pobres, fatia do eleitorado em que Lula registra grande diferença nas pesquisas de intenção de votos.

Para isso, a ideia é que Bolsonaro reforce o papel do governo na ampliação do Auxílio Brasil para R$ 600, fazendo uma comparação com os valores inferiores do Bolsa Família.

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