Uma investigação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) revelou que o major da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Ulisses Estevam Barros, teria recorrido a um dos chefes do Comando Vermelho (CV) para recuperar um carro roubado.
De acordo com o inquérito, o oficial enviou uma mensagem a Washington César Braga da Silva, conhecido como “Grandão” ou “síndico da Penha”, apontado como integrante da cúpula da facção. O contato entre os dois foi descoberto durante a quebra do sigilo telefônico de Washington, determinada pela Justiça.
Nas mensagens interceptadas, o major encaminha a foto de um veículo que estaria no Morro da Fé, no Complexo da Penha, zona norte da capital: “Preciso recuperar. Carro do 01. Esse eu tenho que resolver”, escreveu o policial.
Confira:

Segundo a investigação, após o pedido, "Grandão” enviou a imagem do automóvel para um grupo de WhatsApp chamado “CPX da Penha” e pediu que os integrantes localizassem o carro e,consequentemente, o veículo foi devolvido três dias depois .
O automóvel em questão havia sido roubado em 26 de abril do ano passado. Conforme o boletim de ocorrência, o empresário Nestor Sant Anna Tavares foi abordado por dois homens armados em uma motocicleta, por volta das 20h50, enquanto aguardava no semáforo da praça Dalva de Oliveira.
Os assaltantes levaram o Toyota, além dos documentos e das compras que estavam no veículo. O carro foi recuperado no dia 29 de abril, coincidindo com o período das trocas de mensagens entre o major e o traficante. A reportagem tentou contato com o empresário, mas não obteve resposta.
Em nota, a Polícia Militar do Rio de Janeiro informou que, por meio de sua Corregedoria Geral, está colaborando integralmente com as investigações. O major Ulisses Estevam Barros segue na ativa e, até o momento, não se manifestou sobre o caso.
O episódio faz parte do inquérito que embasou a megaoperação policial nos complexos da Penha e do Alemão, ação que resultou em 121 mortes. Entre as vítimas confirmadas, quatro são policiais - que já haviam sido identificados e enterrados, e 117 são apontados como suspeitos de envolvimento com o crime organizado, segundo balanço oficial.
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