O delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro Bernardo Leal, atingido por um tiro de fuzil na perna durante uma megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, em outubro, concedeu sua primeira entrevista neste domingo (21), após 47 dias internado. Ao Fantástico, da TV Globo, ele revelou que o criminoso responsável pelo disparo utilizou um código interno da polícia para enganá-lo.
Bernardo relatou que, durante a operação, ele e outros agentes precisaram atravessar uma espécie de labirinto formado por becos. Nesse momento, surgiu um homem vestindo roupas pretas e colete, com aparência semelhante à dos policiais.
Durante incursões em áreas de confronto, os agentes utilizam senhas e contrassenhas, códigos de comunicação usados para identificação entre as equipes. Segundo o delegado, o suspeito pronunciou corretamente o código, o que o levou a acreditar que se tratava de um colega de farda.
"Como o confronto estava muito intenso, então durante os ataques, eles ouviram a senha e a contrassenha. Quando deu a contrassenha, fiquei mais tranquilo, corri para o lado. Quando corri para a direita, ele atirou na minha perna", revelou.
Após ser baleado, Bernardo permaneceu por mais de uma hora sob intenso tiroteio até ser resgatado. Policiais quebraram paredes de uma casa para abrigá-lo, improvisaram um torniquete e o carregaram nas costas até conseguirem colocá-lo em uma viatura, que o levou ao hospital.
O delegado deu entrada na unidade de saúde com apenas 3% de chance de sobreviver. O disparo atingiu a perna direita, causando fratura no fêmur e o rompimento da artéria e da veia femoral, o que provocou uma grave hemorragia. Ao todo, foram necessárias 30 bolsas de sangue durante o atendimento.
Inicialmente, foi realizada uma amputação abaixo do joelho, mas o procedimento precisou ser ampliado até a parte superior da coxa devido à falta de vascularização. A alta hospitalar ocorreu há uma semana, após 47 dias de internação. Agora, Bernardo inicia a fase de readaptação com o uso de uma prótese, que será custeada pelo governo do estado.
"Eu sabia que estava muito ruim. Pedi para ligarem para minha mulher, queria me despedir. (...) Os caras foram incansáveis por mim e minha gratidão eterna a eles. Eu só estou vivo hoje foi porque eles não desistiram, momento algum", disse.
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