Convidado a optar entre Dilma
Rousseff e o abismo —que muitos acreditam ser a mesma coisa —, o PT deu sua
resposta nesta quarta-feira: “Dane-se Dilma.” Depois de muita hesitação, o
petismo decidiu que os três deputados que o representam no
Conselho de Ética da Câmara votarão a favor da continuidade do processo que
pode levar à cassação do mandato de Eduardo Cunha. Com esse gesto, o partido de
Dilma desafiou o presidente da Câmara a cumprir a ameaça de deflagrar o processo
de impeachment. A Câmara ferve. E Dilma treme.
Desde
fevereiro, quando prevaleceu na disputa pela presidência da Câmara, Cunha tem
sido o poder de fato em Brasília. Como eminência parda, ele se beneficia dos
privilégios do poder com uma vantagem sobre a ocupante da cadeira de presidente
da República: a de ser um poder presumido, que nunca precisou de fato provar se
é um mito ou se é verdade. Fraca, Dilma nunca pagou para ver.
Por
via das dúvidas, Dilma havia decidido novamente não contrariar Cunha no
Conselho de Ética. Mas o PT, já afundado no pântano de suas contradições
morais, avaliou que já não lhe convém carregar nos ombros as culpas alheias.
Cunha tem a força mágica de coagir o poder. Mesmo arrastando as correntes de
uma denúncia no STF e do dinheiro escondido na Suíça, ele mete medo no
Planalto. Nos próximos dias, o país saberá o quanto há de folclore e de
realidade nesse poder jamais submetido a uma aferição. (Via: Josias de Souza)
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