O cronista Nelson Rodrigues
costumava dizer que o mais exasperado problema do ser humano é o medo do rapa.
“Cada um de nós vive esperando que o rapa o lace, o recolha, na primeira
esquina”, ele escreveu. No Brasil de hoje, Sérgio Moro virou uma espécie de
rapa da oligarquia política e empresarial. Nesse meio, o juiz da Lava Jato
instila pânico.
Graças
à morofobia, personagens como Eduardo Cunha e Lula revelam-se capazes de tudo
para que seus processos permaneçam no STF, o foro dos suspeitos privilegiados.
Receiam ser presos. No intervalo de dois anos, dois meses e 19 dias, tempo de
duração da Lava Jato, Sérgio Moro já proferiu 105 condenações. Juntas, somam
1.140 anos, 9 meses e 11 dias de prisão. No STF, não há vestígio de condenação.
(veja no quadro abaixo os feitos que a força-tarefa da Lava Jato obteve em
Curitiba).
Entre agosto e setembro de 2014,
os delatores Paulo Roberto Costa e Alberto Yousseff jogaram no ventilador os
nomes de 28 congressistas —sete senadores e 11 deputados federais. Esse pedaço
da investigação subiu para o Supremo. Desde então, avolumaram-se as delações e
os suspeitos com direito a foro privilegiado.
Hoje,
correm no STF 70 processos relacionados à Lava Jato. Desse total, 59 estão na
fase de inquérito. Neles, são investigados 134 acusados. Outros 11 processos
foram convertidos pelo procurador-geral Rodrigo Janot em denúncias formais,
envolvendo 38 políticos. Por ora, o único denunciado que o Supremo converteu em
réu foi Eduardo Cunha. E não há prazo para o julgamento da ação penal
protagonizada pelo deputado. (veja abaixo os dados sobre o pedaço da Lava Jato
que corre em Brasília).
A
pedido da Procuradoria, o STF afastou Cunha do exercício do mandato e da poltrona
de presidente da Câmara. Mas ele mantém as prerrogativas de deputado, que
impedem Moro de alcançá-lo. Conserva também o acesso às mordomias propiciadas
pela presidência da Câmara e o controle sobre sua milícia parlamentar, que
lança mão de manobras para retardar o julgamento do impeachment.
Blog: O Povo com a Notícia
Via: Blog do Josias de Souza


