Reportagens com base em
vazamentos de mensagens dos procuradores da Lava Jato e do ministro Sergio Moro
(Justiça) foram alvo do ministro da Economia Paulo Guedes. Em discurso na
última sexta-feira, na Associação Comercial do Rio de Janeiro, ele criticou a
oposição e sugeriu que a gravação de mensagens pessoais de terceiros foi para
fins políticos, terminando sua frase com um "vai trabalhar,
vagabundo". A fala viralizou nas redes sociais nesta segunda-feira (29).
"Vão gravar todo mundo até derrubar alguém? 'Peguei: você falou que
vai dormir com sua mulher hoje à noite e vai fazer fazer sexo selvagem.' Qual o
ganho que você tem para a democracia em invadir a privacidade das pessoas? Qual
ganho que você tem em 'ah, peguei o cara conversando com o outro, aqui'",
afirmou o ministro. Guedes criticou a divulgação das mensagens com a justificativa
de que elas não seriam de interesse público.
"Se é uma conversa não republicana, tudo bem. Mas não é isso que
estamos assistindo. Nós estamos assistindo a uma tentativa de desestabilizar o
governo. Esse negócio é ridículo, patético. Patético. Você está em uma
democracia, tudo funcionando, o cara perde a eleição e fica o dia inteiro
tentando derrubar o outro? Vai trabalhar, vagabundo", disse Guedes.
O ministro citou a aprovação da reforma da Previdência na Câmara dos
Deputados como exemplo de funcionamento das instituições. "Não tem caos
político (...). Por que essa psicologia da destruição? Eu quero acreditar que
estou em uma democracia, e que não é saci-pererê. Caminho com as duas pernas,
às vezes ganho uma, às vezes ganho outra. Será que, quando o outro ganha, não
pode?", questionou Guedes.
Desde o final de junho, a Folha e outros veículos têm produzido uma série
de reportagens com base nas mensagens trocadas pelos procuradores da
força-tarefa da Operação Lava Jato nos últimos anos e obtidas pelo site The
Intercept Brasil, que diz ter recebido o material de uma fonte anônima.
Para a Polícia Federal, Walter Delgatti Neto, preso na última terça-feira
(23) sob suspeita de atuar como hacker, foi a fonte do material que tem sido
publicado pelo Intercept. Em depoimento, Delgatti, um dos quatro presos pela
PF, disse que encaminhou as mensagens ao jornalista Glenn Greenwald, fundador
do site, de forma anônima, voluntária e sem cobrança financeira.
Moro, um dos hackeados, disse a autoridades que as mensagens seriam
destruídas, como revelou a Folha. A comunicação foi confirmada à reportagem
pela assessoria de Moro. A atitude do ministro reacendeu a pressão de alas do
STF (Supremo Tribunal Federal) e do Congresso, sob a justificativa de que Moro
extrapolou os limites de sua competência. (Via: Folhapress)
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