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quarta-feira, 2 de julho de 2025

‘O crime organizado cresce porque, em alguns estados, parte da polícia é conivente’, diz Lula

A estratégia de atuação das polícias no combate ao crime organizado foi avaliada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta quarta-feira (2). O petista defendeu uma atuação conjunta e coordenada entre os governos estaduais e o governo federal. Em tom crítico, o presidente reconheceu a desconfiança de parte da população em relação às forças de segurança.

“Veja, a polícia deve ser uma espécie de guardiã da sociedade. Quando a sociedade vê um policial, tem que enxergar alguém que vai ajudar, que está ali para fazer alguma coisa. Mas, em algum momento no Brasil, o policial passou a ser visto como um adversário de quem está recorrendo à polícia. Então, a saída é buscar uma fórmula, que não é mágica, mas sim civilizatória. É preciso entendimento entre o governo do estado e o governo federal para definir onde cada um atua”, afirmou em entrevista à TV Bahia.

A fala foi feita em resposta a uma pergunta sobre o avanço das facções e os impactos da violência em estados como a Bahia. O presidente admitiu que o modelo atual de segurança pública está esgotado e defendeu uma redefinição clara das responsabilidades de cada ente da federação no enfrentamento ao crime.

“Durante muito tempo, houve no Brasil uma discussão que não levou a nada: quem é que manda na polícia? Quem cuida da segurança? Se você for olhar a Constituição, a segurança pública é de responsabilidade dos governadores, que comandam a Polícia Militar e a Polícia Civil. O governo federal tem a Polícia Federal e as Forças Armadas, que não entram nessa história”, explicou.

Segundo o presidente, o governo federal já reuniu em três oportunidades com governadores para discutir uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que redefine o papel da União na área.

“O que nós queremos construir é uma parceria civilizada entre o governo estadual e o governo federal, para saber qual é o papel de cada um. Onde o governo federal entra? É só para dar dinheiro ou também participa das decisões políticas no combate à criminalidade?”, questionou.

Na entrevista, Lula também citou uma conversa entre o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, sobre a limitação dos recursos disponíveis para enfrentar o crime organizado.

“Eu vi uma discussão do ministro Rui Costa com o ministro Lewandowski. O ministro Lewandowski dizia ao Rui que havia dois bilhões de reais no Fundo Nacional de Segurança Pública. O Rui respondeu: ‘Mas isso é brincadeira, ministro. Só na Bahia eu gasto oito bilhões’. Então, dois bilhões para o Brasil inteiro não dá. E é verdade”, relatou o presidente.

Lula concluiu afirmando que o enfrentamento à criminalidade exige seriedade, profissionalismo e inteligência.

“O crime organizado é uma indústria multinacional. Tem braço no Poder Judiciário, no Poder Político, no futebol... Tem braço em tudo quanto é lugar. Inclusive internacional. Então, para enfrentar o crime organizado, é preciso agir com profissionalismo e investir com muita inteligência. Esse é um mal que atinge o mundo inteiro. E, no Brasil, ele cresce porque, em alguns estados, parte da polícia é conivente com isso”.

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